Por Telma Elorza
“Eu não me considero uma pessoa careta, sempre leio suas colunas e agora preciso da sua ajuda. Flagrei minha filha de 13 anos se masturbando no quarto dela. Em casa, não temos chaves nas portas dos quartos para evitar acidentes. E ontem à noite, fui dar um recado importante que tinha esquecido, entrei sem bater e ela estava nua, com as mãos na genitália. Fiquei sem ação, com vergonha e não sei o que falo para ela. Me ajuda?”
Bom, amiga leitora, primeira coisa que deve fazer é pedir desculpas à sua filha por tem entrado no quarto dela sem permissão, sem se anunciar. Você infringiu a intimidade dela, que não é mais uma garotinha. Então, comece por aí. Se desculpe, garanta que isso não vai mais acontecer e, se preciso – para acabar com sua reação automática (sim, muitos anos entrando no quarto alheio sem bater e pedir autorização pode se tornar um hábito) -, providencie chaves para os quartos. Garanta que a intimidade dela não vai mais ser violada.
Segundo ponto: você não deu sermão contra a masturbação, né? Isso é importantíssimo, porque a masturbação é essencial para a mulher conhecer o seu corpo e ter uma vida sexual plena. Nessa idade, 13 anos, sua filha está passando por muitas mudanças hormonais e a libido está à toda. Ela está amadurecendo sexualmente e é normal ter curiosidade sobre o próprio corpo e descobrir as sensações de um toque. Então, procure ver como uma coisa natural, orgânica.
Mas também é hora de estreitar os laços mãe e filha e garantir que ela receba orientações de qualidade sobre educação sexual. O LONDRINENSE POD, desta semana, trouxe uma conversa interessante com uma educadora e sexóloga, que pode ajudar você. E também, a coluna Opinão, publicada neste sábado (23), é bem pertinente, porque a psiquiatra e doutora em Sexualidade Humana, Alessandra Diehl, traz números interessantes sobre a vida sexual dos adolescentes. Leia aqui.
Converse com ela, fala que entende suas necessidades, que já passou por isso. Não sei se você foi reprimida sexualmente na sua adolescência, mas, mesmo que tenha sido, não repita essa ação danosa. Ao contrário, procure orientar e dar boas informações. Inclusive sobre masturbação. Ensine, por exemplo, que as mãos devem estar limpas, que não é pra passar qualquer creme na vulva e, principalmente, não deve introduzir quaisquer objetos não adequados, como frutas e legumes ou outros objetos cilíndricos, porque isso pode machucar.
Mostre à sua filha que masturbação é saudável e normal
Agora vou dizer uma coisa que vai deixar os haters com os cabelos em pé. HO!
Se quiser mesmo se aproximar da sua filha e mostrar na prática que masturbação é mesmo uma coisa natural, que tal presenteá-la com brinquedos eróticos e um lubrificante à base de água? Não precisa ser um pênis de borracha, se está preocupada com a perda da virgindade, mas vibradores em formato de batons, por exemplo, são bem discretos.
Uma educação sexual bem feita é uma garantia que sua filha só vai iniciar sua vida sexual quando estiver preparada para isso (principalmente no aspecto emocional e psicológico) e não ser “forçada” por amigas e namorado. É uma garantia também que ela vai saber se proteger de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e gravidez.
Conversar com os filhos sobre sexo é a melhor maneira de protegê-los na adolescência, uma fase extremamente turbulenta, emocional e fisicamente. Inclusive, o ideal seria que começasse a conversar com seus filhos sobre isso ainda na primeira infância, ensinando que ninguém pode tocar partes de seu corpinho e que deve falar para mamãe e o papai se alguém o fizer (incluindo aí o papai, a mamãe, os titios, titias, primos e irmãos mais velhos, além de desconhecidos). Isso dá uma certa proteção contra a pedofilia, porque as crianças vão estar informadas e, se acontecer, saberem que a culpa não é delas e que quem faz isso é pessoa ruim, que precisa ser denunciada.
No mais, é dar carinho, amor e compreensão. E deixe sua filha se masturbar em paz.
Espero ter ajudado.

Tem dúvidas sobre sexo? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br
Quem é Tia Telma?

Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
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