Skip to content

É possível desenvolver um fetiche?

Por Telma Elorza

“Eu nunca fui muito louca por sexo, nem tinha fantasias ou fetiches. Com meu marido, fazemos o básico e gosto, mas nunca foi sensacional. Até que, por acaso, vi um filme pornô onde um casal transava com uma travesti e fiquei alucinada. Aquela imagem não sai da minha cabeça e tenho sonhos eróticos onde transo com uma. Só isso já me faz gozar. Será que estou com problemas psicológicos? Um fetiche pode aparecer assim, do nada, e mudar nossa vida sexual?”

Bom, minha amiga, não sei dizer se seu fetiche é um problema psicológico ou não. Isso só um psicólogo poderia dizer. Mas que fetiches podem aparecer assim, do nada, podem. Não sei se você sabe, mas depois daquele livro e filme “50 Tons de Cinza” e suas sequências, houve um boom de procura, nos sex shops, de adereços para BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo). Pode ser que uma parte desse novo público já tinha esse fetiche, mas para a maioria BDSM era uma coisa complementamente desconhecida, que teve a atenção despertada pela obra de ficção.

Quanto à sua fantasia de transar com uma travesti, eu posso dizer que não é incomum. Boa parte dos homens tem essa fantasia (e a maioria até a realiza, mas nunca vai admitir). Por que as mulheres não teriam também? Afinal, as travestis reúnem o que há de melhor de ambos os gêneros. Em sua maioria, são mulheres lindas, que se cuidam muito, mas com pênis.

Existem várias hipóteses de onde surge o tesão de héteros por travestis, e a resposta pode estar em todas ou até nenhuma. No caso de homens, podem ser uma fantasia de uma relação com outro homem, mas que não é um homem na aparência, o que não colocaria “em risco”, na sua cabeça, a sua própria masculinidade. Seria apenas uma mulher “com surpresinha”. Ou podem simplesmente sentir atração por mulheres com pênis, querer ser penetrado por ela e ponto final. Ou pode não ser nada disso. No caso de mulheres com esse fetiche, pode ser a mesma coisa: vontade de transar com uma mulher, sugar seios (seios são extremamente fascinantes para nós), mas sem ter que encarar uma vagina.

O que eu sei é que não importa o porque. Ter a fantasia de transar com uma travesti não a torna anormal. Anormal é fantasiar e não correr atrás do seu prazer, tentar reprimi-lo, ser infeliz. Desde que seja tudo consensual e ninguém sofra com isso, está tudo dentro da “normalidade”.

Convide o marido para realizar o fetiche

Aliás, sugiro que, se quer dar uma esquentada na relação com o marido, convide-o para participar desse fetiche. Conte que ficou ligada no vídeo (que vocês podem assistir juntos) e que vem sonhando com os dois mantendo uma relação sexual a três. Duvido que ele não vá topar. Por mais careta que ele seja, essa fantasia está na cabeça de 10 entre 10 homens. Tendo o aval da esposa, então? Paraíso.

Agora o traço triste da história: infelizmente, será fácil contratar uma travesti para dividirem horas de prazer. A prostituição ainda é o destino da maioria, que busca venda do corpo por pura sobrevivência já que enfrentam muitos preconceitos na hora de arrumar empregos regulares. Por isso, trate-a com respeito e carinho, ok? Não a veja apenas como um objeto de prazer, mas como uma pessoa.

As travestis são uma das identidades possíveis dentro da transgeneralidade. Resumindo grosseiramente: o termo travesti é utilizado apenas pessoas trans com identidades femininas, mas que, de algum modo, se sentem confortáveis com seus órgãos sexuais masculinos. Ou seja, se constituem em uma identidade de gênero própria. E nunca, nunca, NUNCA se refira a elas com pronome masculino. Respeita-as.

No mais, é relaxar e curtir a experiência.

Tem dúvidas sobre sexo? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br

Quem é Tia Telma?

Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.

Leia mais colunas Tia Telma Responde

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Designed using Magazine Hoot. Powered by WordPress.