Por Marcelo Minka
Semana pós carnaval e o Putin ainda não baixou as bolinhas. Rezemos para que nenhum surto de loucura se aposse de quem detém o poder e algo apocalíptico aconteça. E já que a vibe é apocalíptica, segue na mesma linha o The Batman, novo filme do homem morcego que estreou esta semana nas telonas da cidade.
Dirigido por Matt Reeves (Planeta dos Macacos – 2017) e protagonizado por Robert Pattinson (o eterno vampiro da saga Crepúsculo) e pela ótima Zoë Kravitz (Big Little Lies – 2017 a 2019) na pele da Mulher-Gato, apesar das suas mais de três horas de exibição, segura a atenção do começo ao fim, sem nos cansar.
Este Batman de Reeves nos faz ter a sensação de estarmos lendo quadrinhos, afasta-se das explosões fantásticas de Christopher Nolan e da estética macabro-romântica de Tim Burton, nos remetendo mais à estética de Blade Runner com sua chuva interminável e faróis de carros borrados pela neblina. A trama não se preocupa em contar a já conhecidíssima origem do herói, ela nos faz mergulhar em um conto noir narrada linearmente, minuto a minuto, e enquanto seguimos o fio da meada, mergulhamos na alma dos personagens.
Estranhamente este filme hollywoodiano, com um herói tão conhecido, não tem cara de um blockbuster, mesmo nas cenas mais intensas de ação o ritmo é lento, coreografado, com a tensão aumentando segundo a segundo. Outro ponto interessante do filme é que ele dá ênfase nas diferenças sociais, na podridão atrás das gravatas caras, adubo de onde nascem todos os vilões com um parafuso a menos na cabeça. Hello, Putin!
The Batman é um espetáculo visual incrível, sombrio, por vezes triste, como a nossa atualidade.
Foto: Divulgação

Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
Foto: Divulgação