Responsabilidade Socioambiental: da moda ao modus

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Por professor Renato Munhoz

Muito se fala hoje sobre as questões de Responsabilidade Social e Ambiental, ou simplesmente socioambiental. Este é um tema que tem perpassado os ambientes empresariais, as conferências e acordos do clima e está dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Pode-se apontar para duas direções neste ambiente. O primeiro é de reparação, ou seja: todos os impactos causados pelo processo de industrialização e pela interferência ambiental gerada pela presença de algum modo de produção. É reparado através de ações ambientais de mitigação ou reparação de impactos. Esta visão não é nova. A manutenção do nosso modo de vida na contemporaneidade tem gerado impactos pesados sobre o ambiente em que vivemos.

A construção de uma usina hidrelétrica, por exemplo, impacta o bioma, as pessoas que vivem às margens do rio onde será construída e as cidades do entorno que recebem todo impacto social gerado pela desocupação do território da usina. Mas a justificativa da construção é apresentada pela necessidade da produção de energia, por conta do aumento das cidades e das indústrias, por exemplo.

Com isso, temos o exemplo da Itaipu Binacional, uma das maiores usinas de energia do mundo. Na sua construção, comunidades inteiras foram atingidas pela cheia de seu lago na barragem. Florestas e pontos turísticos foram impactados.

Como consequência, temos hoje uma empresa pública que mitiga seus impactos gerados a mais de 40 anos até os dias de hoje. É uma das empresas com maior nível de ações de responsabilidade socioambiental do planeta. Que vão desde apoio e financiamento a projetos sociais nas chamadas regiões lindeiras, que fazem fronteira com o lago da usina, até ações de relevância internacional no campo da preservação de biomas e espécies, como os parques e corredores ecológicos que estão ali na mesma região.  

Outras empresas buscam recompor seus impactos e isso também gera uma rede de possibilidades que deve ser utilizada de maneira estratégica para a preservação ambiental como um todo.

Outra estratégia interessante de responsabilização como estratégia é de antecipação ou presença significativa. Ou seja, sem mesmo ter gerado impactos ambientais e sociais significativos, as empresas podem assumir a dimensão de apoio e desenvolvimento de ações que podem contribuir para resolução ou diminuição de conflitos ambientais. Ações que vão desde a Educação Ambiental e até mesmo o financiamento de projetos que corroboram para a construção de novos paradigmas humanos.

O Brasil é um terreno fértil de ações no chamado terceiro setor. Hoje são mais de duzentas mil organizações que estão fazendo algo por alguém em algum canto do Brasil. Muitas vezes sem nenhum tipo de apoio nem de empresas nem de órgãos públicos.

Desta forma, a Responsabilidade Socioambiental deve atravessar a visão de mitigação e alcançar cada vez mais um ambiente estratégico e na busca de uma visão mais holística sobre este nível de atuação, olhando o todo e percebendo que o pouco de cada ação gera um resultado amplificado na soma das ações. Apoiar, financiar, elaborar e atuar em projetos sociais e ambientais não é uma questão de moda, ou seja por um período ou para atender um momento. Mas de “modus”, deve estar na maneira de pensar e agir das empresas brasileiras. Na missão e não visão estratégica empresarial.

O que não se pode é deixar de fazer algo, antes que seja tarde demais e que nem a mitigação alcance mais resultados. Por isso a estratégia de antecipação de impactos trará um horizonte menos impactante para a humanidade. Quiçá as empresas sejam lembradas por sua presença significativa e não pelos impactos deixados no ambiente. 

Professor Renato Munhoz

Teólogo e Historiador. Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade.

Foto-montagem: Renato Munhoz

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