24/11 é o Dia do Rio: conheça o Tibagi e sua importância

Por Renato Munhoz

Se aproxima uma data tão significativa, pois traz à tona a memória de um dos elementos da natureza que cumprem diversas funções e que podem alterar a vida das comunidades de forma tão representativa. Quem nunca tomou banho de rio ou pescou perto de sua casa? Antes das estradas, muitas vezes o caminho era pelos rios.

Neste dia em que o planeta grita de sede, onde a crise hídrica nos assola, vamos falar sobre um rio fundamental para o Paraná e essencial para Londrina e região. Nosso grande e amado rio Tibagi. Que em Tupi Guarani significa “Rio do Pouso”. Ele que nasce na região dos Campos Gerais, no município de Palmeira e faz toda sua viagem pelo Estado desaguando no Rio Paranapanema, no município de Sertaneja, já na divisa com São Paulo.

A história do Tibagi é repleta de expedições, de muitas lendas, mas de uma única certeza: uma das águas mais ricas do Sul do Brasil. Durante décadas, a extração de pedras preciosas, sobretudo diamante, fizeram destas águas que desenham uma serpente, ser uma das regiões mais procuradas para exploração das pedras preciosas.

Também é uma região rica na cultura indígena. O Tibagi foi morada de diversas comunidades e hoje predomina, bem perto dele, a comunidade dos índios Kaingang. A comunidade do Apucaraninha guarda uma das cachoeiras mais lindas do estado, o Salto do Apucaraninha.

Aos poucos, a agricultura foi tomando conta de suas margens e mostrando a fertilidade de seu solo. Uma das bacias hidrográficas mais ricas do Paraná em fertilidade e em afluentes e nascentes. Devido a geografia do Rio Tibagi, ele é alimentado por onde passa por lindas cachoeiras e corredeiras. Dentro de sua área hidrográfica encontra-se um dos parques mais famosos do Brasil: o Parque de Vila Velha. Também um dos cânions mais visitados, o Guartelá. De cima do Pico do Agudo, um dos pontos mais altos do Estado do Paraná, é possível contemplar sua beleza sem igual.

Quando o Rio Tibagi vai chegando na região Norte do Paraná encontra-se com Londrina. Cidade pujante em pleno desenvolvimento, em que todos os pequenos rios, Cambezinho, Ribeirão dos Apertados, Ribeirão Três Bocas e tantos outros que nascem por aí no fundo de nossas casas e desaguam nas belas águas do Tibagi. Aqui, em Londrina e Cambé, o Tibagi cumpre uma função social sem igual. Mais de 70% da água que bebemos em nossas torneiras vem dele, através da primeira estação de tratamento da Sanepar que fica atrás do Aeroporto, na estrada do Limoeiro. Também muito próximo dali, ele cumpre uma função ambiental de enorme valor, trata os resíduos oriundos de nossas casas através da estação de tratamento que fica bem próximo a suas margens.

Já disse Santo Agostinho: Só se ama, o que se conhece. Pois bem, para nós é fundamental conhecermos e nos aproximarmos mais do Tibagi. Neste sentido o Consórcio para Proteção Ambiental do Rio Tibagi, o COPATI, através de seu programa de Educação Ambiental Pingo D’Água, tem levado a milhares de alunos de toda Bacia Hidrográfica a oportunidade de conhecerem um pouco mais este rio que está tão perto de nós muitas vezes tão pouco conhecido e, consequentemente, pouco preservado.

Neste dia 24 de novembro que nossos rios sejam mais amados e respeitados. Qual o rio ou córrego que passa perto de sua casa? Procure saber. Faça uma visita. Ajude a pensar formas de fazer com que nossas águas não se transformem em depósitos de lixo. Ajude a fiscalizar a acompanhar. Nossos rios nunca precisaram tanto da gente como agora. Sejamos parte da natureza. Irmãos do rio e dos peixes, como diria São Francisco de Assis.

Renato Munhoz

Professor, teólogo historiador. Pós Graduando em Educação Ambiental e Sustentabilidade. Coordenador de Projetos do COPATI (Consórcio para Proteção Ambiental do Rio Tibagi).

Foto: COPATI