Por Telma Elorza
“Sou homem, tenho três filhos, atualmente viúvo, 58 anos. Sou um Croosdressing. Desde os 12 anos sentia a vontade de vestir as calcinhas das minhas irmãs. Gosto de mulher e estar com elas, sou muito viril. Com o passar dos anos e com a liberdade de estar na minha casa, tive mais oportunidades de me vestir e me compor como mulher. Esse fetiche foi aumentando a cada dia e, conforme o tempo passava, mais oportunidades eu criava para me vestir em casa, sempre que estava sozinho.
Com muita dificuldade me expus para minha esposa. Naturalmente ela se chocou no instante que eu falei. Posteriormente fomos conversando e ela entendeu que eu não tinha nenhuma atração por pessoa do mesmo sexo que eu. Daí pra frente ela começou a me ajudar a comprar minhas peças e montei o meu próprio guarda roupas com vestidos , camisolas, blusas, sapato de salto e maquiagens. Sempre que ficávamos sozinhos, nós nos divertíamos tomando uns drinques e comendo uns tira gostos. Depois íamos para o nosso ninho fazer amor. Foi uma fase muito gostosa na minha vida porque eu passei a ter uma espectadora e admiradora. Com o passar dos tempos me deu vontade de sair das quatro paredes e dar uma volta na rua, ela me levou e eu pude sair do carro e andar sozinha na cidade, sempre à noite e supervisionada por ela que me acompanhava de carro. Com isso eu adquiri mais liberdade e fui criando mais oportunidades.
Com a cabeça meio confusa de ter tanto prazer fui procurar ajuda de uma psicóloga, e ela também relatou que isso é muito mais comum do que eu pudesse imaginar dentro da nossa sociedade. Porém, os padrões conservadores inibem que possamos nos expor e não termos aceitação por parte desse conservadorismo. Acredito que esse relato possa ajudar outros caras como eu a entenderem o que se passa com eles. Não é bom viver sem viver a emoção de ter prazer mesmo que não seja entendido por outras pessoas.
Meu conselho é que sintam-se encorajados em se vestirem mais e mais vezes e aos poucos participarem a suas parceiras, pois a solidão que vive uma Crossdresser oculta é doida. Vivemos muita incerteza, muitos conflitos internos, isso traz consequências pesadas para o nosso dia-a-dia e nos afeta psicologicamente, atrapalha nosso humor, temos queda de rendimento no trabalho e no convívio com nossos pares. Ainda existe muito preconceito e pouca aceitação para essa prática.”
O leitor mandou essa mensagem num comentário na coluna Gosto de me vestir de mulher, mas não sou gay , publicada aqui, em novembro de 2021. Eu achei o texto dele tão esclarecedor que resolvi publicar aqui na coluna. Vale a leitura e, quem sabe, pode ajudar outra Crossdressing, mais do que eu poderia ajudar.
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Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.