Dia 14 de agosto de 1989. Nesse dia, a Sega of America lançava oficialmente em terras americanas aquele que viria a ser um dos melhores consoles de videogame já criado por mãos humanas – o Genesis, versão estadunidense do Mega Drive. E por que esse monólito negro de design tão icônico alcançou tal patamar entre os titãs no panteão dos games? Vamos ver resumidamente aqui.
Quando o Mega Drive viu a luz do dia, um ano antes, as pessoas não jogavam videogame – elas jogavam Nintendo. Afinal, foram os japoneses da Big N que recriaram o mercado após a quebra brutal de 1983. A casa do Mário abocanhava nada menos do que 95% do mercado à época. Não só isso: a maioria dos desenvolvedores estava ligado umbilicalmente à empresa, que dizia quem podia lançar novos jogos e quantas unidades de cada título seriam distribuídas ao mercado (sempre a conta-gotas).
O Mega Drive até que foi OK no seu lançamento. Mas foi com o Genesis que a Sega despontou e se tornou a #1 nessa corrida pouco mais de dois anos depois. Numa época em que quanto mais bits no nome melhor era o console, o Genesis triturou o Nintendinho de 8 bits com seus imparáveis 16 bits! Era muita coisa, um poder de processamento que tornava realidade o sonho de muita gente: ter na sala de casa um jogo com a mesma qualidade visual e de som dos que os de fliperama.
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A Sega of America era praticamente um entreposto da matriz japonesa, com certa de 30 pessoas que tinham como responsabilidade cuidar da venda e colocação de máquinas de árcade. E foi com a chegada de Michael Katz como CEO que as coisas mudaram da água para o vinho. Sai o jeito extremamente polido e educado dos japoneses e entram os dois pés no peito da concorrência. A prova: “Sega does what Nintendon’t”, uma série de comerciais que praticamente ridicularizavam a rival e a colocavam como uma fabricante de brinquedos de criancinha – diferente da Sega, que era a responsável pelos jogos mais irados, descolados e qualquer outro adjetivo noventista que vier à sua cabeça.
A mira deles estava não no público infantil e na família – deixa isso para a Nintendo. A Sega queria os adolescentes e os jovens. Se os conquistasse, os mais novos (que sempre gostaram de imitar os irmãos, primos e amigos mais velhos) viriam de carona. Dito e feito. Publicidade “MTV style” e títulos mais desafiadores fizeram do Genesis o sucesso entre o público mais “maduro”. Pode soar muito estranha hoje, mas a campanha “Welcome to the next level” é a mais pura tradução dessa mentalidade.
Outra abordagem que fez do Genesis um sucesso foi a abordagem mais local da Sega of America. Muito mais do que conversões de arcade japoneses, eles quiseram trazer parte da cultura americana para o console. Você pode até não gostar, mas naquela época os jogos de esporte eram um negócio e tanto. E conseguir um astro do futebol americano como Joe Montana. foi uma jogada de mestre da Sega. E foi assim com outros astros do esporte, como James “Buster” Douglas, que estrelou um exclusivo do console logo após sua icônica vitória sobre ninguém menos que Myke Tyson (que viria a inspirar o chefão M. Bison no Street Fighter II, mas isso é outra história).
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O símbolo máximo do console é Sonic, um típico personagem japonês envelopado em cultura pop norte-americana. Suas sequências mostram que os desenvolvedores conseguiram extrair o máximo possível do hardware. Em especial Sonic 3 tem a pecha maldita de ter começado com a mania de DLC’s, ou o hábito de as desenvolvedoras distribuírem jogos capados que só poderiam ser jogados por inteiro se os jogadores fizessem compras de conteúdos adicionais. Foi assim com esse cartucho, pequeno para abrigar o jogo original e que precisava ser encaixado em outro para desbloquear a aventura completa do ouriço.
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A vida do Genesis ainda foi prolongada com alguns hardwares adicionais. Para quem já tinha uma biblioteca de títulos do Master System, console da geração anterior, um adaptador.
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Para jogos com trilha sonora ainda mais maravilhosas e títulos ainda mais elaborados (alguns com o famigerado FMV, uma maravilha técnica para a época), o Sega CD.
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E por fim aquele console que seria mais não foi, que trouxe o poder de processamento em 32 bits para o Megão, o Sega 32X.
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Juntos, eles formam o poderoso Megazord!
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A Sega conhece bem essa piada, e para comemorar os 30 anos do Genesis além de lançar a versão mini do console (com direito a um remake do “Nintendon’t“]), também lançou as versões em miniatura do Sega CD e do 32X, além dos cartuchos do Sonic. Infelizmente, a mini “Tower of Power” só está disponível no Japão . Por enquanto.
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Fotos: divulgação
Fábio Calsavara
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É jornalista e gamer raiz. Do tempo em que criança jogava fliperama em boteco de rodoviária.