Houve uma época, mais especificamente entre o fim da década de 1980 e toda a década de 1990, em que se você gostava de videogames tinha que escolher um lado. Ou era Sega ou Nintendo. As duas gigantes suplantaram a quebra da indústria de jogos eletrônicos (erroneamente atribuída por muitos ao fracasso do jogo E.T. para o Atari – disso falaremos em outro post) e reinaram absolutas dividindo o mercado para conquistar os gamers. E a famosa “console wars”, magistralmente retratada no livro “A Guerra Dos Consoles – Sega, Nintendo e a batalha que definiu uma geração” de Blake J. Harris, quem diria, voltou nos tempos modernos. Dessa vez na forma de mini consoles, releituras dos grandes clássicos do passado.
Primeira a relançar uma versão oficial em miniatura de um console clássico, a Nintendo quebrou a internet quando soltou o NES Classic Edition no mundo. O delicioso design quadrado em tons de cinza e preto, tanto no console quanto no controle, só que agora em miniatura, e recheado com 30 games da época. Por dentro, não que isso chame a atenção, dorme um hardware muito parecido com o finado Wii rodando um emulador. Não demorou muito até que alguém quebrasse o código e conseguisse colocar toda a biblioteca do Nintendinho dentro da memória do aparelho. Filas, confusão, pré-vendas a valores escorchantes, o resultado econômico foi o esperado pela Big N, que como sempre soltou uma quantidade muito menor do que a demanda e criou uma expectativa pelo que viria a seguir.
[
Pouco tempo depois foi a vez do irmão mais velho, o SNES Classic Edition. Com o hype já em alta, a Nintendo nadou de braçada com mais esse lançamento. O hardware, basicamente a mesma coisa. Mas, nos jogos, uma surpresa: era a vez do nunca lançado oficialmente Star Fox 2 ver a luz do sol. Mais correria, mais preços abusivos e a Nintendo sorrindo e lucrando com jogos de mais de 20 anos de idade.
A Sony, que furou os olhos da Sega e muito mais da Nintendo quando lançou o Playstation, não quis ficar atrás e lançou a sua própria versão de console em miniatura. Mas o raio já tinha caído duas vezes no mesmo lugar, e não aconteceria pela terceira vez. Boa parte dos bons jogos do Play 1 eram de outras publishers que não a própria Sony – Square Enix, Acclaim, Eidos e Capcom – e algumas delas não existem mais e, portanto, não foi possível licenciar novas versões de games clássicos. O preço de lançamento, NOVENTA E NOVE DÓLARES, também assustou. O resultado foi produto encalhado nas prateleiras e preço de venda no varejo reduzido à metade.
A bola agora está com a Sega, que anunciou sua versão em miniatura do Genesis/Mega Drive. A ideia é praticamente a mesma dos concorrentes, um console com menos da metade do tamanho do original com controles similares aos antigos – só que com conectores modernos –, função de salvar as partidas e recomeçar de onde parou e saída HDMI para TV’s de alta resolução. A lista completa de 40 jogos ainda não foi anunciada oficialmente, mas com o que temos já dá para dizer que valerá a pena esperar pelo Mega Drive Mini. Sonic estará lá (ah, vá!), mas também teremos Altered Beast (“Rise from your grave”) e Comix Zone (para mim já basta, “shut up and take my money“). A versão americana virá com dois controles de 3 botões e especula-se que a versão japonesa venha com dois controles de 6 botões. O preço sugerido é de US$ 80 tanto para um quanto para o outro. O lançamento está previsto para 19 de setembro.
Fotos: divulgação
Fábio Calsavara
É jornalista e gamer raiz. Do tempo em que criança jogava fliperama em boteco de rodoviária