Violência nas escolas: onde estão as intervenções?

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Por Alessandra Diehl

Os recentes acontecimentos no Brasil, especialmente no Colégio Estadual Professora Helena Kolody em Cambé, na segunda-feira (19), nos fazem refletir sobre os fatores de risco para violência juvenil e tiroteios em escolas. Mas, sobretudo, sobre a necessidade de identificar alunos que possam precisar de assistência em saúde mental. Isso já se tornou um problema de saúde pública.

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No entanto, a violência nas escolas não pode ficar relegada ao nível individual de análise, uma vez que se trata de um fenômeno bastante complexo e que envolve também contextos sociais crescentes do mundo contemporâneo, como o aumento do porte de armas, por exemplo.

A boa notícia é que os estudos de violência escolar sugerem que ela pode ser prevenida já que o ambiente social e físico da escola pode oferecer oportunidades de intervenções para reduzir a violência.

A evidência é clara. Os tiroteios em escolas são eventos raros. Porém, quanto aos fatores de risco associados, a presença de crimes graves e violência nas escolas têm sido relacionados ao tamanho da escola, alunos mais velhos e à presença de gangues e atividade de drogas. As formas mais comuns de violência escolar são brigas de socos, bullying e empurrões. O bullying é o único problema de comportamento que tem aumentado em algumas escolas estudadas.

É possível prevenir? Os estudos mostram que escolas com programas de combate à violência e que, de fato, possuem menos episódios de violência tendem a ter alunos que conhecem as regras da escola e acreditam que elas são justas, têm um relacionamento positivo com seus professores, sentem que pertencem a sua escola, sentem que estão em uma sala de aula e um ambiente escolar que é positivo e focado no aprendizado, no bem-estar dentro de um ambiente organizado

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A implementação de currículos eficazes de saúde mental escolar pode servir como uma estratégia multifacetada com esforços antibullying para prevenir a violência e melhorar a saúde mental de todos os envolvidos no ambiente escolar. Programas cognitivo-comportamentais, socioemocionais e de tutoria/mediação entre pares mostraram-se promissores na redução dos níveis de perpetração de agressão.

Geralmente, duas formas de intervenção têm sido aplicadas e estudadas. O primeiro deles visa mudar o comportamento individual do aluno por meio da resolução de conflitos, controle de impulsos, vínculo com a escola e autoestima ou aprimoramento de habilidades pró-sociais.

A segunda forma de intervenção, menos comum, é voltada para o ambiente físico ou social, como mudança climática em sala de aula e/ou em toda a escola, reforma de políticas escolares e melhoria relações aluno-adultos e fatores de vizinhança como, por exemplo, pobreza, crime, capital social. Outros investimentos financeiros nas escolas do Brasil deveriam focar principalmente no abuso de substâncias nas escolas e nos esforços de prevenção do crime associados, especificamente na violência escolar em si.

Mais pesquisas precisam ser realizadas para determinar os efeitos de longo prazo das intervenções, potenciais moderadores e mediadores dos efeitos dos programas e ações, efeitos do programa em diferentes contextos e componentes-chave das intervenções.

Quer saber mais?

A Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) realizará seu congresso nacional de 3 a 6 de setembro de 2023 em São Paulo, as inscrições já estão abertas no site da associação e muitos destes temas serão discutidos em fóruns de prevenção. Assim como, a Associação Paranaense de Psiquiatria (APPsiq) realizará sua jornada XIV Jornada Paranaense de Psiquiatria de 25 agosto – 2023 a 27 de agosto na cidade de Londrina.

Foto: print de um vídeo que circula na internet

Alessandra Diehl

Presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e membro da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPsiq)

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