Velhice não é doença

velhice-Fotógrafo e Criativo on Visual Hunt

O Brasil não é mais um país de jovens. No máximo um “pais jovem de cabelos brancos”, como disse Alexandre Kalache, geriatra brasileiro com assento na OMS. A população brasileira, assim como a do Paraná e a de Londrina, vem envelhecendo.

Pelas normas da OMS consideram-se pessoas idosas, em países desenvolvidos, aquelas que tenham mais de 65 anos de idade e em países em desenvolvimento as que tenham mais de 60 anos. A legislação brasileira define como idoso quem tenha mais de 60 anos.

Ainda a OMS considera como “envelhecido” um país, um estado ou uma cidade que tenha mais de 7% de sua população acima de 60 ou 65 anos. Portanto, o Brasil com mais de 30 milhões de pessoas acima dos 60 anos, o Paraná com cerca de 1,2 milhão e Londrina com mais de 65 mil idosos estão bem acima desta linha percentual, portanto, de população “envelhecida”. Isto é, ao mesmo tempo, uma conquista e um desafio, com múltiplas implicações sociais, econômicas, culturais, políticas e, principalmente, na preservação e melhoria das condições de saúde e qualidade de vida dos idosos.

Isto repercute diretamente nos sistemas de saúde implicando na urgente necessidade de revisão de suas estruturas e metodologias, que foram originalmente desenhados para indivíduos jovens, com doenças agudas únicas.

Os idosos, que são freqüentemente acompanhados por múltiplos profissionais em diferentes ambientes de cuidado e acabam tendo um atendimento fragmentado, pobremente integrado e com diversas repercussões à sua saúde, como por exemplo, a enorme quantidade de medicamentos a eles prescrita.

A identificação e o tratamento de doenças continuam sendo objetivos, mas isso não basta. Conhecer como o idoso está exercendo suas tarefas diárias e seu grau de satisfação exige que se investiguem funções básicas – como independência para alimentar-se, banhar-se, movimentar-se e higienizar-se – e outras mais complexas, como trabalho, lazer e espiritualidade, valorizando o envelhecimento saudável, com manutenção e melhoria da capacidade funcional, prevenção de doenças, recuperação da saúde e das capacidades funcionais

Com isso, fica claro que os sistemas de saúde vão ter cada vez mais que fazer frente a um usuário diferente: mais envelhecido, com fisiologia, apresentação clínica e patologias particulares, que passa mais tempo enfermo, com comorbidades em geral crônicas, com grande potencial de se incapacitar diante de um problema de saúde e com maiores necessidades de serviços de reabilitação e cuidados paliativos.

Gilberto Martin

Médico, mestre em Saúde Coletiva e especialização em Saúde Pública, fui  secretário de saúde do Estado do Paraná, do município de Cambé e do município de Londrina. Também fui prefeito de Cambé e deputado estadual pela região.  Militou no Movimento estudantil da década de 70 no Poeira e foi da primeira diretoria da UNE. Sempre trabalhei na  saúde pública, atualmente como médico do ambulatório da Rede de Atenção à Saúde Integral do Idoso no CISMEPAR e na 17ª. Regional de Saúde. Defendo e luto pelo SUS. Dou aulas de Geriatria e de Gestão em Saúde na PUCPR, Londrina. Coordenador da ALUMNI – Associação de ex-alunos da UEL, gosto de correr nas ruas (pelo menos três vezes por semana), de fazer trilhas por campos e morros, de cinema e literatura. Sonho com um Brasil mais justo e menos desigual.

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