Médicos idosos em atividade: uma realidade presente

cirurgia

A recente morte Dr. Frank Ogata, aos 90 anos, médico gineco-obstetra de mais de 3 mil partos em Londrina e que se manteve atuante até há bem pouco tempo, põe em evidencia, além do grande exemplo de vida pessoal e profissional que ele simbolizou, a realidade dos médicos que envelhecem e permanecem atuando na profissão, fato cada vez mais presente entre nós.

Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), no levantamento que produziu o documento “Demografia Médica no Brasil – 2018”, de um total de 414.831 médicos registrados, nós temos, hoje, 84.310 médicos com mais de 60 anos em atividade no território nacional. E destes, 16.865 têm mais de 70 anos de idade e continuam ativos na profissão.

Este fato pode ser percebido também, quando avaliamos o levantamento de entradas e saídas de médicos feito pelo documento do CFM acima citado. O número de saídas de médicos do mercado de trabalho tem reduzido. Chegou a 1.735 médicos que saíram da profissão em 2013, para 824 em 2016.

Conforme matéria produzida pelo Jornal do Commercio de Pernambuco, o psiquiatra e psicogeriatra Rodrigo Cavalcanti Machado da Silva, que desenvolveu um estudo sobre esta realidade naquele estado, verificou que 90,8% dos médicos pernambucanos com mais de 65 anos ainda estão em atividade, afirmando que “muitos trabalhavam por questões financeiras, mas também o faziam pela forte identidade com a profissão médica. Eles relatavam que não queriam parar. Quase 100% estavam aposentados de algum vínculo profissional, mas mantinham pelo menos uma atividade médica”. Segundo este estudo, estes médicos acreditam ter envelhecido bem, desenvolvido melhor a resiliência e 92,3% deles consideravam que tiveram um envelhecimento bem sucedido.

É uma história maravilhosa de resiliência e gosto pela profissão, de médicos, hoje idosos, que começaram sua carreira numa época em que a retaguarda tecnológica não era tão avançada como hoje, mas que eles construíram uma carreira geralmente de forte ligação com seus pacientes e sua comunidade, multiplicaram discípulos, foram se integrando aos novos tempos e querem continuar ativos.

Foto: Pixabay

Gilberto Martin

Médico, mestre em Saúde Coletiva e especialização em Saúde Pública, fui  secretário de saúde do Estado do Paraná, do município de Cambé e do município de Londrina. Também fui prefeito de Cambé e deputado estadual pela região.  Militou no Movimento estudantil da década de 70 no Poeira e foi da primeira diretoria da UNE. Sempre trabalhei na  saúde pública, atualmente como médico do ambulatório da Rede de Atenção à Saúde Integral do Idoso no CISMEPAR e na 17ª. Regional de Saúde. Defendo e luto pelo SUS. Dou aulas de Geriatria e de Gestão em Saúde na PUCPR, Londrina. Coordenador da ALUMNI – Associação de ex-alunos da UEL, gosto de correr nas ruas (pelo menos três vezes por semana), de fazer trilhas por campos e morros, de cinema e literatura. Sonho com um Brasil mais justo e menos desigual.

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