Compreenda, identifique e supere o abuso narcisista

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Por Alessandra Diehl e Rogério Bosso (*)

O narcisismo é um transtorno de personalidade caracterizado por um senso exagerado de auto importância, uma necessidade profunda de admiração e uma falta de empatia pelos outros. Indivíduos narcisistas frequentemente apresentam comportamentos arrogantes, sedutores, convincentes, manipuladores e uma forte necessidade de controle em suas relações interpessoais. Esses comportamentos podem causar danos emocionais e psicológicos significativos nas pessoas ao seu redor, principalmente em relacionamentos amorosos.

Conheça algumas características da pessoa narcisista

Grandiosidade: a pessoa narcisista possui uma crença exagerada nas próprias habilidades e importância.

Necessidade de admiração excessiva: a pessoa narcisista apresenta uma busca constante por elogios e validação.

Falta de empatia: a pessoa narcisista é incapaz de reconhecer ou se importar com os sentimentos e necessidades dos outros.

Sentimento de direito: a pessoa narcisista carrega consigo sempre uma expectativa de tratamento especial.

Comportamentos manipuladores: a pessoa narcisista usa outras pessoas para atingir seus próprios fins, incluindo mentiras e distorções da verdade.

Arrogância e comportamentos altivos: a pessoa narcisista apresenta atitudes e comportamentos que denotam superioridade.

Inveja: a pessoa Narcisista sente inveja dos outros ou diz que as outras pessoas sentem inveja dele, sem nenhum dado real que comprove tal pensamento.

Preocupação com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal: a pessoa narcisista apresenta imersão em fantasias irrealistas sobre conquistas e status.

Formas de abuso da pessoa narcisista

O abuso narcisista segue um ciclo previsível, que pode ser dividido em três fases principais:

Fase de idealização: o abusador narcisista coloca a parceria em um pedestal, usando elogios excessivos e gestos grandiosos para conquistar sua confiança e afeto. Nesta fase, a vítima pode sentir que encontrou a “pessoa perfeita”, o que cria um vínculo emocional profundo. Chamamos esta base de “love bombing” ou seja, um bombardeio de amor”.

Fase de desvalorização: o abusador começa a criticar, menosprezar e manipular o parceiro. Comportamentos como gaslighting (fazer a vítima duvidar da própria sanidade), críticas constantes e jogos emocionais são comuns, levando a vítima a se sentir confusa, ansiosa e desvalorizada.

Fase de descarte: ocorre quando o narcisista abandona abruptamente o parceiro, muitas vezes substituindo-o por outra pessoa, deixando a vítima confusa e devastada.

A pessoa narcisista é incapaz de reconhecer ou se importar com os sentimentos enecessidades dos outros. Um relacionamento com uma pessoa narcisista pode causar danos significativos. Entenda

Como sair de um relacionamento abusivo com uma pessoa narcisista

Sair de um relacionamento abusivo com um narcisista pode ser extremamente desafiador devido à manipulação emocional envolvida. É essencial estabelecer limites firmes, buscar apoio emocional profissional e de amigos e familiares, e evitar qualquer contato desnecessário com o abusador.

Desenvolver uma rede de apoio forte e cultivar a autoconfiança são passos cruciais para a recuperação. Estratégias como manter um diário para documentar os abusos, educar-se sobre o narcisismo e praticar o autocuidado são vitais. Além disso, é importante criar um plano de segurança detalhado para proteger-se fisicamente e emocionalmente ao sair do relacionamento.

Onde buscar ajuda?

Buscar ajuda profissional é fundamental para superar os traumas associados ao abuso narcisista. Psicólogos especializados em abuso emocional podem fornecer o suporte necessário para a vítima recuperar sua autoestima e reconstruir sua vida. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é particularmente eficaz para ajudar as vítimas a reconhecer e desafiar pensamentos negativos, desenvolver habilidades de enfrentamento e reconstruir sua confiança. Recursos como grupos de apoio e linhas de atendimento a vítimas de violência doméstica também são valiosos para quem está passando por essa difícil transição.

Fotos: Freepik

(*) Alessandra Diehl é psiquiatra, doutora em Sexualidade Humana, membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Drogas (ABEAD) e membro da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPsiq). @dra.alessandradiehl

Rogério Bosso é psicólogo, especialista em Dependência Química e Saúde Mental. Coordenador do curso de Psicologia do Unisal Campinas

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