Enquanto o mundo clama por igualdade, o preconceito com os portadores e doenças mentais segue sendo um tabu
O LONDRINENSE com assessoria
Em torno de 10% da população mundial sofrem com algum tipo de doença mental, cenário que se potencializou com a pandemia do coronavírus. Ao todo, são cerca de 720 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O termo psicofobia, criado pelo psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), definiu a data de 12 de abril como o Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia.
“Existe um grande estigma (preconceito) social quando o assunto é doença mental. Os portadores, além de sofrerem com os sintomas cruéis das doenças, precisam enfrentar os julgamentos e são duramente penalizados tendo que ouvir que isso é frescura, falta de Deus, preguiça e até fingimento. Por isso, precisamos falar sobre o assunto. Isso ajuda a tirar rótulos pejorativos daqueles que enfrentam a doença e proporciona uma esperança para aqueles que sofrem calados”, afirma o psiquiatra Júlio Dutra, presidente da Associação de Psiquiatria do Paraná (APPsiq).
Segundo o especialista, o papel das associações como a Appsiq é fundamental no sentido de informar corretamente a população sobre as doenças mentais, além de conscientizar sobre sintomas e tratamentos disponíveis. “Nós, psiquiatras, temos o dever de alertar a sociedade a perceber, o quanto antes, os sintomas destas doenças que, na maioria das vezes, são silenciosas e se instalam de forma sorrateira. A demora na busca por tratamento ajuda a aumentar o preconceito, pois, amigos e familiares, aqueles que estão próximos, dizem que é frescura, que foi de uma hora para outra, que não é nada demais”, ressalta o especialista.
Júlio Dutra aponta que “os processos sociais, inclusive os de bullying e de preconceito, interferem no processo da doença que a pessoa está vivenciando e enfrentando. Isso significa, também, um sintoma de como a sociedade lida com esse tipo de situação”, ressalta o médico presidente da Appsiq. Então, de acordo com ele, quanto mais se fala sobre o assunto, mais se derrubam os estigmas sociais.
Data
A data surgiu a partir de um depoimento do humorista Chico Anysio para o então presidente da ABP, Antônio Geraldo. Na ocasião, o artista revelou que realizava tratamento psiquiátrico para depressão havia 24 anos. E, não fosse isso, não teria feito grande parte das coisas que fez em vida. Chico Anysio disse que a exposição pública da doença mental poderia ajudar as pessoas a não se sentirem envergonhadas ou constrangidas por terem depressão, por exemplo. Chico é um dos mais reconhecidos humoristas brasileiros, dono de mais de 200 personagens cômicos ao longo de 65 anos de carreira. Ele morreu em março de 2012.
A partir de então, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo, criou o neologismo psicofobia para descrever o preconceito e, desde 2014, a ABP passou a estimular a discussão sobre o assunto. O dia 12 de abril, inclusive, foi escolhido por ser o aniversário de nascimento de Chico Anysio. Em 2016, o senador Paulo Davim (PV-RN) sugeriu a criação do Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, a partir do Projeto de Lei 4592/16. “Além do combate ao estigma sobre doenças mentais, é de extrema importância debatermos o assunto, porque o preconceito atrasa a busca daqueles que precisam por ajuda”, afirma Júlio Dutra.
Trabalhando na solução
Ouvir, informar e debater são algumas das maneiras de ajudar a combater o preconceito. “Diminuir o estigma em relação aos portadores de doença mental passa por conhecer exemplos de pessoas que já passaram pela doença, algumas das quais a gente nem imagina, outras que tenham renome e relevância nacional, como artistas, esportistas, entre outros”, diz.
O Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia é, também, o dia de dar voz às pessoas que sofrem com algum tipo de doença mental e com preconceitos relacionados ao tema. “São datas como essa que temos a chance de conscientizar a sociedade”, diz o especialista. Nesse sentido, explica Júlio Dutra, as pessoas poderão mais facilmente reconhecer e admitir que têm algum transtorno psiquiátrico, a fim de diagnosticá-lo mais rapidamente e tratá-lo adequadamente sem preconceitos.
Entre alguns exemplos estão: ansiedade, distúrbio bipolar, síndrome do pânico, transtornos alimentares, demência, depressão. “Muitos que sofrem destas doenças acabam sendo alvo de brincadeiras ou, até mesmo, de assédio moral ou laboral. A data reforça e busca demonstrar que doença mental não é brincadeira.”
Foto: Pixabay
2 Comentários
E uma dura realidade p quem passa por esses problemas. São muitas as brincadeiras de mau gosto.fdmos que ter uma ajuda, p termos uma qualidade de vida um pouco melhor, maís não e fácil não.
Só eu sei o que passo ,e as pessoas falam isto mesmo que e frescura,não desejo que ninguém passe por isso.se você frescura muitas pessoas não queria até tirar a própria vida.