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Reencontrei o Bar Brasil, 3º. colocado no “Comida di Buteco”

Depois de anos, voltei a um dos botecos mais tradicionais de Londrina, e me surpreendi com os novos sabores e atendimento

Telma Elorza

O LONDRINENSE

Tenho que confessar, fazia anos que não frequentava o Bar Brasil, um dos mais tradicionais de Londrina, com 41 anos de história no mesmo lugar. Ia muito, no final dos anos 1990 até início dos anos 2000, quando trabalhava na Folha de Londrina. Juntamente com colegas de redação, íamos todas as quintas-feiras e criamos a Quinta-Sem-Lei, forma jocosa que nos referíamos ao fato de estarmos lá para beber e jogar conversa fora depois de uma semana dura de trabalho. No entanto, os jornalistas da Folha acabaram atraindo os estudantes de jornalismo da época, que atrairam outros universitários e a Quinta-Sem-Lei se popularizou e tornou o local o ponto de encontro de universitários de toda Londrina. Nós, os velhos dinossauros do jornalismo, acabamos nos mudando para outros locais. Por muito tempo, o Bar Brasil continou point da garotada (meu filho frequentou muito, nessa época) e das torcidas que iam assistir os jogos lá, nos telões.

A participação do bar e sua conquista do 3º. lugar no concurso “Comida di Buteco” me fez ter vontade de voltar lá, para ver as mudanças que ocorreram nesses quase 20 anos. Chamei minha amiga @suzi.bomfim e fomos lá, na última terça-feira (30). E olha, me supreendi. O bar, embora continue com seu ar de boteco raiz – “seu Brasil” (o dono, que era antes conhecido pelo nome de bastimo Lorival Garcia de Souza), 77 anos, continua lá, sentando num canto dentro do balcão, tomando sua cervejinha, exatamente como fazia há mais de 20 anos – , agora também é um ponto gastronômico interessante que eu estava perdendo, sem saber.

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O Raí, filho do “seu Brasil”, 33 anos, é o responsável pela virada do bar, desde que assumiu a administração em 2016. Segundo ele, apesar do sucesso do boteco junto aos universitários e as torcidas, foi preciso coibir algumas coisas – como as torcidas organizadas que deixavam o ambiente hostil em dias de clássicos e a muvuca fora do estabelecimento que irritavam os vizinhos e atrapalhavam o trânsito. Hoje, o bar tem atraído pessoas que gostam de boteco (e uma boa música ambiente, quase sempre MPB, em nível de decibéis agradável) para conversar, comer e até, se preferir, assistir jogos do seu time com tranquilidade. São dois ambientes específicos para cada uma das finalidades. Raí imprimiu sua marca, fez uma modernização no ambiente, mas manteve as características principais, de um bar rústico com balcão – aliás, construíram um segundo balcão -, para aqueles que gostam de beber ali. “É uma das coisas que estão acabando, hoje é difícil encontrar um balcão em botecos, são poucos os que tem”, diz.

O bolinho de frango e queijo

Mas estamos aqui para falar de comida e, lógico, quis provar o quitute escolhido para participar do concurso “Comida di Buteco”: o bolinho de frango e queijo, que é campeão de vendas (R$32). Mas, como não sou boba nem nada, quis provar também outra comidinha. Tive uma dúvida cruel: o cardápio tá recheado de coisas que me pareceram muito gostosas e com preços atrativos (tirando as tábuas de carne, nenhuma outra porção ultrapassa o valor de R$42). Bem diferente da época que eu frequentava o bar regularmente, quando tínhamos poucas opções para comer. Para resolver minha indecisão, perguntei ao Raí quais seriam os pratos mais vendidos. Ele nos deu duas opções: sanduíche de pernil e pastéis de fraldinha desfiada (R$36). Como achei que já ficaria muito cheia com os bolinhos e não aguentaria um sanduíche, resolvemos pedir a porção de pastéis.

Que delícia. Os pratos chegaram rapidamente (tá, o bar não estava cheio, nesse dia, mas o garçon Mateus, que abandonou a profissão de professor para trabalhar na noite e está há sete anos no Bar Brasil, disse que não passa de meia hora em dias mais corridos), e vieram bem servidos: são 10 unidades de cada. Os bolinhos estavam simplesmente perfeitos: crocantes por fora e macios por dentro, com um tempero delícia. Merecem um 10! Se você não provou durante o concurso, corre lá. Ah, eles têm a opção de tábua de bolinhos, com um mix de quatro tipos: costela minga, queijo, frango e pernil por R$58.

Mas os pastéis foram o destaque da noite. São de um tamanho intermediário, um pouco menores que o pastel de feira e bem maiores que os pasteizinhos aperitivo, servidos perfeitos: massa crocante e sequinha, sem aquela oleosidade típica do pastel, mesmo após vários minutos de frito. Os que sobraram (foi muita comida para duas pessoas) levamos para casa ainda sequinhos. E o sabor? De lamber os beiços. A fraldinha desfiada tava quase uma carne seca de tão saborosa. Mas tem outros nove sabores (com preços entre R$32 e R$42, este na mista) e ainda o formato pastelão (que variam de preço entre R$12 e R$14).

Crocantes e sequinhos, os pastéis foram mais que aprovados
Você tem que provar o pastel de paçoca com doce de leite antes de morrer

Para completar a noite, ganhamos ainda dois pastéis doces. O Raí queria mandar uma porção (cinco pastéis doces por R$16) para experimentarmos, mas não aguentaríamos. Pedimos só dois e ele abriu uma exceção. Veio um de paçoca com doce de leite e um Romeu e Julieta (tem quem não saiba que é queijo com goiabada?), as duas opções de pastel doce. Ambos deliciosos, mas, olha, o pastel de paçoca com doce de leite é uma experiência que você deve ter na vida. Uma daquelas coisas que você deve provar antes de morrer. Nunca comi nada tão gostoso. Aqueles pastéis de chocolate cheios de firula nem chegam perto da delícia que é. Já estou programando minha volta ao Bar Brasil para comer novamente.

Tudo isso acompanhado por uma(s) cerveja(s) geladíssima(s), cujos preços por garrafa de 600 ml variam de R$9,25 a R$18. Não quero ser politicamente incorreta, mas não tenho como descrever senão com a expressão “canela de pedreiro”, sabe, aquela que vem com uma camadinha fina de gelo, quando a cerveja atinge a temperatura ideal para ser consumida. Pois é.

Resumo da noite: Bar Brasil, “aqui me tens de regresso e suplicante te peço, a minha nova inscrição” de frequentadora assídua!

Fotos: Telma Elorza

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