Venda de chip reciclado por operadora de celular revela dados de aplicativo de mensagens

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Ao adquirir o número que há foi de outra pessoa, você tem acesso aos dados e contatos dela. A conta é monitorada pelo WhatsApp, mas só é cancelada depois de 45 dias sem uso

Suzi Bonfim

O LONDRINENSE

Uma ameaça à segurança no acesso às redes sociais por meio do aparelho celular está em vigor há algum tempo, mas as operadoras por aqui parecem não se incomodar com esta questão: a compra  de um número de telefone (chip SIM card) vinculado ao WhatsApp de outra pessoa. Ou seja, a operadora vende um chip reciclado e não se responsabiliza pelas consequências dos dados. 

Nos últimos 15 dias, minha experiência neste caso, com duas situações similares, me deixaram extremamente estressada, principalmente pela forma como fui tratada pela loja da TIM, no shopping Boulevard, em Londrina, e pelo atendimento eletrônico operadora (quem já tentou resolver qualquer problema pelos canais digitais, sabe bem o que isso quer dizer).   

Vamos aos fatos: na quarta-feira (12), comprei um chip na TIM que o próprio vendedor inseriu no celular e orientou como baixar o WhatsApp Business (para o site olondrinense.com.br). Ele disse que, em breve, eu receberia um código liberando o acesso. Saí da loja certa que isso iria acontecer. 

Ledo engano. Não recebi o código, mas uma mensagem dizendo que eu deveria usar o outro celular para confirmar a transferência do WhatsApp para este celular. Confusa, voltei à loja no dia seguinte e solicitei a troca do chip porque me senti prejudicada e insegura em ter acesso à conta de uma terceira pessoa. 

Na loja, a supervisora me disse que o chip não pode ser trocado porque não há um problema técnico no produto e ignorou os argumentos de que como consumidora não posso receber um chip “novo” que está sendo usado pela rede social de alguém.  Despreparados e sem respeito pelo cliente, não me deram nenhuma opção para que eu não tivesse o risco de compartilhar dados desconhecidos. 

Na própria loja, liguei para o Procon (151), depois de longa espera fui atendida e a orientação foi para que eu cancelasse o chip. Fiz a solicitação à supervisora, que disse não ser possível porque o sistema estava fora do ar, e teria que ser feito pelo número 1056. 

Foram dois dias tentando, sendo transferida de um atendente para outro com respostas do tipo: “sistema tá fora do ar, só em 72 horas”, “sistema de cancelamento sem acesso, só em 6 horas de relógio (sic)”, “não é no 1056, mas no *144 para solicitar o cancelamento, e há uma multa de R$ 300,00” e ainda, “a senhora ligou agora a pouco, porque não foi feito o cancelamento?”. Neste atendimento, fui informada que o número está cancelado. Todos os protocolos devidamente arquivados.  

Neste meio tempo, recebi uma mensagem no WhatsApp que está vinculado ao número do chip reciclado. Eram os filhos de um casal de idosos tentando contato com os pais por uma mensagem de áudio e por texto: “pai, fala comigo”. Expliquei para o filho do casal que o número foi vendido de novo.

WHATSAPP DO MECÂNICO – Na semana anterior, enfrentei o mesmo problema, ao passar mensagens para o WhatsApp do mecânico, mas o número celular já estava sendo usado por outra pessoa. Ocorre que, três dias antes, combinei com o mecânico para pegar meu carro, como ele não apareceu e não respondeu à mensagem na segunda-feira, percebi que a foto do aplicativo mudou. Foi então que perguntei se o WhatsApp era do mecânico e uma mulher respondeu: “não, comprei o chip no sábado”. A TIM também é a operadora deste número celular.

E se fosse uma mensagem para o meu médico falando de problemas de saúde, outra pessoa teria acesso?

DIREITO DO CONSUMIDOR –Segundo o Procon, em Londrina, não há nenhum impedimento legal para a comercialização do chip reciclado pelas operadoras de telefonia celular. No entanto, o prazo para que a operadora coloque o chip à venda para um novo consumidor é de 180 dias. Se o consumidor que adquiriu o chip reciclado tiver problemas como mensagens e ligações excessivas de contatos do dono anterior, ele poderá solicitar um número novo à operadora e/ou Anatel.

“Caso o cliente, tenha esse pedido recusado pela operadora, é possível recorrer ao Procon e também acionar a justiça por danos morais por todo o fardo que teve que suportar por conta do antigo proprietário da linha. Ele tem direito, sim, tanto no Procon quanto no judiciário, de garantir que não tenha problemas com o chip reciclado”, assegurou o diretor executivo do Procon, Thiago Mota Romero.

Situações como estas têm sido registradas há algum tempo. Em 2019, o Tecnoblog, tratou do assunto e ressalta que o WhatsApp monitora as contas inativas. O Meta Business diz que é comum a revenda de números reciclados esclarece como o cliente deve proceder.

foto: Pexels

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