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Por que a desgraça dá tanta audiência?

Em uma época onde vale tudo por likes, a imprensa anda deixando de lado o seu papel principal e fazendo da desgraça um espetáculo lucrativo

Mirella Fontana
O LONDRINENSE

Morte, doença, dor, corrupção, traição e desgraça, por quê esses tipos de matérias geram tanto interesse? Que tipo de pessoa gosta de ver o sofrimento de um pai ou uma mãe após perder seu filho? Onde está o respeito de uma mídia que escreve “suposto” após uma morte natural? Quem fica feliz com um término de um amor? Com crianças passando fome?

Parece que quanto mais morte e desgraça estiverem estampados nas capas dos jornais, na TV ou nas telas dos portais de notícias, mais conseguirão chamar a atenção dos leitores e espectadores.

Na Alemanha, isso é chamado de schadenfreude, que significa, a alegria do mal. Segundo a teoria, “quanto maior a quantidade de desgraça alheia exibida nos jornais, maior é o sentimento de que nossa vida merece ser valorizada tal como ela é, pois, apesar de todos os pesares, nossas desgraças são insignificantes perto das desgraças gigantescas do mundo.”

Isso justifica a quantidade de consumidores que se alimenta desse tipo de matéria. E se o sangue é bom para os negócios, podemos imaginar que, de certa forma, a desgraça alheia faz bem as pessoas.

É como se, ao compararmos nossa vida com a de outras pessoas, surjam motivos para acreditarmos que somos felizes ou infelizes, melhores ou piores, honestos ou desonestos. É o tal do “antes ele do que eu”, dessa vez, quanto mais seca a grama do vizinho, melhor.

E o sofrimento não dá audiência apenas ao jornal ou aos programas policiais, virou o assunto central dos antes “animados” programas de auditório, que hoje reúnem como vedetes todos os tipos de padecimentos físicos, econômicos e morais. A humilhação dos menos favorecidos virou ganha pão de muita gente.

O desfortúnio faz girar milhões nas mídias, sabe por quê? Ela não cobra cachê, a produção é barata e o faturamento comercial é cada vez maior e, nas mãos de certos apresentadores, se tornam um lucrativo espetáculo.

É, a desgraça dá ibope! E a empatia, o respeito e a compaixão ao próximo já não existem faz tempo…

Imagem: Freepik

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