O que estão fazendo os jovens deputados eleitos por Londrina?

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Três meses depois de empossados, as novas lideranças políticas da região estão trabalhando. Saiba em quê, exatamente

Loriane Comeli

Equipe O LONDRINENSE

Luísa Canziani (PTB) e Filipe Barros (PSL) estão no primeiro mandato na Câmara Federal e Matheus Viniccius Ribeiro Petriv, mais conhecido como Boca Aberta Júnior (PROS), ocupa pela primeira vez uma cadeira da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

Eles são bastante jovens: Luísa tem 22 anos e é mais jovem parlamentar federal do Brasil assim como Boca Júnior é o mais novo na Alep, com 23 anos. Barros tem 27, casou-se recentemente e está em seu segundo mandato político: foi vereador entre 2017 e 2018, renunciando após ser eleito para a Câmara Federal.

Os três têm formação jurídica: Luísa já foi aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, mas ainda falta uma disciplina para concluir o curso de Direito; Boca Júnior acabou de se formar, mas ainda não fez a prova da OAB; Barros é advogado, embora não esteja exercendo a função.

Boca Júnior, que nunca havia ocupado cargos públicos, considera o mandato um desafio. “O fato de ser o mais jovem traz uma grande responsabilidade.” Até ser eleito, ele havia trabalhado como vendedor, garçom e fez estágio em escritório de advocacia. Também foi uma espécie de “estagiário” do pai, o deputado federal Boca Aberta. “Acompanhei integralmente as campanhas políticas do meu pai, até ser eleito, e estive próximo os dez meses que ele foi vereador, até ser cassado”, declarou. 

Embora pareça ter uma índole mais calma, o jovem deputado tem como exemplo político Boca Aberta, conhecido por se envolver em diversas confusões e responder a mais de uma centena de processos por ofensas a adversários políticos. “Com certeza, ele é minha inspiração. Por tudo o que ele fez, tudo o que ele vem fazendo em prol do povo da região de Londrina e Paraná.”

Boca Júnior disse que apresentou à Alep, até agora, 11 projetos de lei e que a maioria está ligada à saúde. “A saúde é nossa bandeira”, definiu. “Um dos projetos dispõe sobre acomodação para mães de bebês natimortos; outro estabelece a obrigatoriedade de médicos nas redes municipal e estadual baterem ponto e proíbe o uso de celular nos postos de saúde.”

Como deputado estadual, é titular nas comissões de Cultura, Esporte, Direitos da Juventude e Direitos Humanos. É suplente nas de Turismo e de Assuntos Internacionais e Mercosul. “Se o cara tiver vontade de trabalhar e tempo, o cara se mata de trabalhar e não consegue fazer tudo porque tem muitas coisas aqui, muitas comissões, audiências públicas, debates sobre temas diversos.”

Ideologicamente, Boca Júnior usa o discurso do pai para definir-se: “Eu costumo dizer sempre – e é o que meu pai fala – que a gente segue a linha popular. Não faço parte da base do governo e não faço parte da oposição. Sou um dos poucos deputados que se intitula independente”, afirmou. “Eu não gosto muito dessa divisão; tem ideias que eu admiro na esquerda, na direita, mas, no momento, para falar bem a verdade [estou], mais no centro virado para a direita.”

Luísa Canziani se disse mais ao centro. “Sempre procuro dialogar, para que todos, unidos, construam uma agenda parlamentar comum em prol do desenvolvimento econômico e da redução das desigualdades sociais.”

Pretende seguir os passos do pai e dedicar seu mandato às discussões sobre educação – é titular na Comissão de Educação da Câmara e suplente na de Ciência e Tecnologia. “Com certeza a educação é minha bandeira, é meu foco, porque a educação é o caminho para mudar, de fato, esse país. Mas é trazendo a questão da inovação. Precisamos inovar, inclusive com novos modelos de ensino para preparar nossos filhos para o futuro.”

Apesar disso, também tem procurado se destacar nas pautas relativas à mulher: é a presidente da Comissão da Mulher na Câmara Federal. “É significativo, porque além de ser a mais nova da história, também vou presidir uma comissão ainda no primeiro mandato”. No PTB, partido que seu pai milita há mais de uma década, Luísa atua principalmente no segmento jovens e da mulher. “Sou a vice-presidente nacional do PTB Mulher.”

Para ela, o principal anseio dos jovens, hoje, é ter emprego. “Vai se conseguir isso melhorando a economia, o que depende das reformas da previdência, tributária, política”, sugeriu.

Entre os modelos políticos, além do pai, cita o deputado paulista Ulysses Guimarães (1916-1992), presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1987, e a ex-senadora gaúcha Ana Amélia Lemos.

Até agora, a deputada protocolou dois projetos: uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para que as universidades federais possam usufruir dos recursos por elas produzidos e um projeto de lei dando a Londrina o título de capital nacional da economia criativa.

Novato na Câmara Federal, Barros elegeu-se com o mesmo discurso que, em 2016, lhe permitiu conseguir uma vaga de vereador. Ele é conservador e acredita que muitos jovens se identificam com o pensamento de direita. “Desde a campanha de vereador, percebi a participação ativa e intensa de jovens e adolescentes; para mim, os jovens querem participar da política, mas estão cansados da mesma ladainha da esquerda.” Seus exemplos na política são o deputado udenista Carlos Lacerda (1914-1977) e o presidente americano Donald Trump.

Sobre os anseios da juventude, Barros concorda com a colega que emprego é o principal deles, mas também acredita ser necessário “mudanças profundas” na educação. “Precisamos urgentemente reformular o que foi feito no âmbito da educação porque não deu certo: o Brasil está nos piores lugares dos rankings do mundo.”

Integrante da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro, Barros também quer atuar, em seu mandato, para alterações legislativas na área de segurança pública, promovendo, por exemplo, uma espécie de unificação das polícias civil e militar – ele já protocolou projeto de lei nesse sentido, que será apensado a outros com o mesmo tema. “Há mais de 50 mil projetos tramitando na Câmara. Uma das minhas pautas é menos lei, menos burocracia.”

Também apresentou proposta permitindo o saque do FGTS para o custeio de pré-natal ou parto. “Também estou comprometido em trazer verbas de infraestrutura para nossa região”, acrescentou, lembrando que manterá a pauta de valorização da vida e da família.

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Uma resposta

  1. Só um adendo que o Dep. Boca JR “esqueceu” de mencionar: esse belo projeto de leito para mães de natimorto é de autoria do Dep. Filipe Barros, que apresentou e foi aprovado em Londrina enquanto ele era vereador.

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