Partidos costumam incluir pessoas, principalmente mulheres, não interessadas em disputar cargos públicos para cumprir cota
Telma Elorza
O LONDRINENSE
As eleições 2020 terminaram com algumas curiosidades que podem ser interessante observar de perto. Dos quase 600 candidatos que disputaram uma cadeira na Câmara Municipal de Londrina, 64 candidatos – sem contar os que disputaram com a candidatura impugnada – fizeram 50 ou menos votos. Dentre estes, estão 13 candidatos, dos quais oito mulheres, que fizeram 10 ou menos votos. Inclusive uma, que não fez voto nenhum, nem o dela. Outros três candidatos, sendo duas mulheres, fizeram apenas um voto. Por outro lado, 11 candidatos conseguiram a suplência com menos de 30 votos cada. Inclusive um que teve apenas nove votos e conseguiu a suplência pelo MDB.
A Justiça Eleitoral deve investigar essas candidaturas, principalmente no caso das mulheres com pouca ou inexpressiva votação. Isso pode significar o uso de “laranjas” para cumprir cotas eleitorais destinadas às mulheres. Uma pesquisa de 2018, com as eleições para Câmara dos Deputados, realizadas por pesquisadores de universidade dos Estados Unidos e Reino Unido, divulgada pela BBC News Brasil, indicou que os partidos lançam mulheres sem interesse em participar ativamente da vida política para burlar a lei de cotas femininas e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de exigir que os partidos destinem 30% dos recursos do fundo de campanha para candidaturas femininas. Os partidos lançam candidatos de fachada, sem intenção de concorrer, mas para servir a outros interesses. Os objetivos são não ser punido por não cumprir a cota feminina e obter o recurso público do Fundo Eleitoral para então desviá-lo para outros finalidades ou candidaturas.
No caso dos candidatos com 10 ou menos votos, apenas uma das candidatas prestou contas da primeira parcial de campanha, indicando que recebeu R$3.520 do Fundo Especial, pelo Diretório Municipal do Partido Verde. Ela fez oito votos, o que significa que cada voto custou R$440 aos cofres públicos. Os outros candidatos com menos de 10 votos ou não prestaram contas na primeira parcial ou declararam não ter recebido nada. Somente com a prestação de contas definitiva, o que deve ocorrer até o dia 15 de dezembro, é que será possível saber quanto cada um recebeu e como gastou o dinheiro. As prestações de contas podem ser obtidas pelo site DivulgaCan.
Dos campeões de poucos votos – sem contar os impugnados -, outros nove candidatos fizeram entre 11 e 20 votos; 13 fizeram de 21 a 29 votos; 11 fizeram de 31 a 40 votos; e 19, de 41 a 50 votos. Na suplência, estão oito mulheres com menos de 30 votos.
Quem quiser saber qual foi a votação de cada candidato, pode ver aqui.
Foto: print do site TSE
1 comentário
Cheiro de irregularidade, violação da legislação eleitoral. Tomara que não termine em pizza.