Por Clodomiro Bannwart
Querido diário!
Era a primeira viagem de avião do seo Antônio. Vinha do interior do Piauí, com destino a São Paulo. Motivo: visitar a filha mais velha, em estado terminal, depois de anos lutado contra um câncer. Estava seo Antônio cabisbaixo, sentado num banco do aeroporto de Brasília, a espera de sua conexão.
Homem de pouco estudo e de poucas letras, seo Antônio é guardador de muita fé. Da bolsa sacou a Bíblia e lia alguns versículos que o fortalecia naquele momento de dor e de sofrimento. Corria os olhos marejados no evangelho de Mateus:
“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”; “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”, “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”.
Concentrado na leitura e nas palavras de Jesus, meditadas em seu coração, seo Antônio escutou o estampido de um tiro. Ele tomou um susto. A turba próxima também. A Polícia Federal agiu rápido. Graças a Deus não foi nada grave. Era apenas um pastor, um homem de bem, pacificador, manso de coração, cristão e ex-ministro da educação que havia disparado sua arma de fogo. Nada de mais.
Clodomiro José Bannwart Júnior
Professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina. Coordenador do Curso de Especialização em Filosofia Política e Jurídica da UEL. Membro da Academia de Letras de Londrina.
Foto: Pixabay
Uma resposta
O cristão sincero é o seo Antônio, pode crer.