Por Wilson Moreira (*)
As mudanças climáticas mostram-se cada vez mais visíveis. O ano de 2023 já é considerado o ano mais quente da história pela Organização Meteorológica Mundial. Inundações e ondas de altíssimo calor vêm tornando-se frequentes, inclusive no Brasil. As mudanças climáticas têm impacto sobre quase todos os aspectos de nossas vidas e nos desafia a repensar nossos sistemas urbanos (incluindo transportes e edifícios) e a forma como fazemos negócios (incluindo oportunidades de negócios “verdes”). Os impactos das mudanças climáticas também podem resultar em conflitos ou forçar as pessoas a migrar (por exemplo, de áreas costeiras de baixa altitude). As mudanças climáticas têm sido vistas e sentidas em todo o planeta.
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O descontrole climático é evidente e cada vez mais irreversível. Uma das consequências da ação do homem sobre o meio ambiente é a elevação da temperatura média global, provocada pela intensificação do efeito estufa. O efeito estufa está a ligado a vários fenômenos, como a desertificação em algumas regiões e o degelo nas regiões polares.
A COP 28, Conferência Mundial sobre o Clima que acontece nos Emirados Árabes, reúne centenas de ministros de países, entre muitos líderes políticos e empresariais do planeta. A grande meta estabelecida é alcançar um acordo que limite o aquecimento global a um máximo de 2º C em relação à era pré-industrial.
Mudanças climáticas: ações
O que o mundo espera da COP 28 são ações efetivas. Durante a COP 27, muitas nações expuseram seus planos de ação, mas muita coisa ainda ficou no papel. De acordo com os cientistas climáticos da ONU e o relatório do IPCC, os países mais pobres serão os mais afetados pelas mudanças climáticas, uma vez que há a falta de recursos para planos de controle e a prevenção.
Nos últimos anos, pesquisas científicas evidenciaram que o efeito estufa está sendo reforçado pelo excesso de gás carbônico e por outros gases liberados no ar pelas atividades humanas, principalmente a queima de carvão mineral, petróleo e gás natural, que ainda dominam a matriz energética mundial. O metano (gás natural) e o óxido nitroso são produzidos, sobretudo, pela decomposição do lixo, pelo esgoto, pelos rebanhos de pecuária e pelo uso de fertilizantes. As queimadas de florestas e a decomposição das florestas submersas em represas também são causas.
Como podemos ver, nosso modo de vida baseado em consumo e produção industrial é o grande causador do efeito estufa e de mudanças climáticas subsequentes. Mineração, extração de petróleo e gás e produção do nosso lixo são os grandes vilões. Mas se somos profunda e extremamente dependentes disso para o nosso “desenvolvimento” social e principalmente econômico, como podemos mudar as ações humanas para impedir o caos climático na terra?
Grandes empresas da mineração (lembremos o caso de Mariana, em Minas Gerais), grandes grupos do petróleo, a indústria de automóveis, a indústria do agronegócio e outras gigantes mundiais deveriam ser chamadas à responsabilidade e assumir grande parte de sua culpa na questão ambiental. O lucro exorbitante que auferem à custa do ambiente e da sociedade são enormes e parte dele deveria ser usado na busca de tecnologias menos poluentes, ou mesmo para reparar os possíveis e prováveis danos sociais que causam. Que a COP 28 consiga avançar na discussão climática. Que os senhores dirigentes globais, políticos e empresariais entendam de uma vez que se não procurarmos parar a degradação ambiental, nosso futuro será, no mínimo obscuro.
(*) Wilson Moreira é policial penal, cientista social e poeta em Londrina
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