Por Angelo Pamplona (*)
Não é de hoje que atrair investimentos se configura um dos grandes desafios da economia londrinense. A cidade tem recebido algumas empresas em diferentes segmentos, mas a demanda está aquém das potencialidades de nossas vocações, especialmente as que dizem respeito ao comércio, serviços, agronegócio, eletrometalmecânico, construção civil, saúde, tecnologia, eventos, turismo, audiovisual e outras áreas que compõem um efervescente ecossistema de inovação.
Esse ecossistema está organizado em governanças e é coordenado pela Estação 43, responsável pela troca de informações, relacionamento e prospecção. A estrutura está em processo de aproximação com Maringá, por intermédio de uma Aliança Estratégica que pretende unir, além das duas metrópoles, as cidades que compõem o eixo entre elas. É um processo que conta com apoio da iniciativa privada, poder público e academia.
Mas, contrariando todo esse fluxo de inovação, o processo para conseguir a liberação de um alvará em Londrina continua complexo. O poder público vem se empenhando na agilidade, mas o problema está justamente nos detalhes. Digitalizado, o sistema não apresenta soluções para os problemas mais simples. Um mero erro de digitação pode remeter o processo de volta ao estágio inicial, originando um looping que envolve prazos e licenciamentos. Há casos específicos em que os anos se passaram e o alvará não saiu.
Geralmente, quando isso ocorre, um problema leva a outro. Quando parece resolvido, constata-se que um prazo de licenciamento venceu. E o processo vai caminhando mais para trás do que para frente. Para muitos empresários, a sensação é de um grande cano furado: você tampa um vazamento aqui e surge outro logo ali.
Não raro, muitos desistem e acabam procurando as cidades vizinhas. Basta passar por Ibiporã, Cambé, Rolândia e Arapongas para perceber o crescimento. E aí entra outra questão: o desenvolvimento da Região Metropolitana é tão importante quanto o de Londrina. Não podemos crescer sozinhos, precisamos contribuir com o entorno para que haja equilíbrio regional.
O problema é que muitas empresas estão indo para a Região Metropolitana porque não conseguem – ou não podem – esperar pela liberação do alvará londrinense. A migração para cidades vizinhas não é planejada, mas fruto da burocracia. Claro, os municípios da Região Metropolitana reforçam a atração com políticas bem definidas e benefícios eficientes.
Então estamos desenvolvendo um ambiente de inovação de alta capacidade produtiva e econômica, mas esbarramos justamente na falta de uma tecnologia mais avançada para acelerar a emissão de alvarás, que seja capaz de corrigir um erro de digitação sem prejudicar o processo. Este talvez seja um dos grandes gargalos para o desenvolvimento de Londrina.
A questão vem sendo discutida pelo Núcleo de Desenvolvimento Empresarial, composto por ACIL, CEAL, Sinduscon, FIEP, Sescap-LDR, Sindimetal, UTFPR, Sincoval e SRP, entre outras entidades. A intenção é propor soluções para agilizar, junto ao poder público, a emissão de alvarás, colaborando com a retenção e a atração de empresas, inclusive indústrias em sintonia com as vocações da cidade, de produção limpa e sustentável, para deixarmos de patinar e acelerarmos na estrada do crescimento.
(*) Angelo Pamplona é empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL).
Foto: Rodolfo Gaion/Pexels