Dois anos de pandemia: a vacina venceu

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Por Telma Elorza

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretava que a Covid-19 era uma pandemia que atingia todo o planeta. Ninguém, naquele momento, podia imaginar a dimensão do que viria, quanta dor, quanto luto, quanta tristeza enfrentaríamos. Eu, que sou uma pessoa bem informada por fontes fidedignas, imaginei que teríamos muitas dificuldades, principalmente aqui no Brasil, mas a realidade ultrapassou minha imaginação. Aliás, acho que a imaginação de todos, cientistas ou não.

Foram dois anos sofrendo diariamente, cada vez que abríamos nossas redes sociais e sentíamos luto por amigos, parentes e conhecidos. Cada dia, ao abrir o Facebook, era um tapa na cara da realidade. Não era uma “gripezinha”. A Covid-19 dizimou famílias, deixou milhares de órfãos, levou pessoas próximas num instante, pessoas que ainda poderiam estar conosco por muitos anos. Deixou sequelas profundas,

Por sorte (só posso classificar assim), eu não perdi familiares próximos. Mas perdi muitos amigos. Meus medos eram que minha mãe, meu filho, meu neto, meus irmãos, meus sobrinhos se contaminassem antes de terem tempo de ser vacinados. Eu morria de medo de ser contaminada. Diabética (doença que descobri no início da pandemia) e hipertensa, sabia que, se contraísse o coronavírus (Sars-Cov-2), não sairia viva do hospital.

Fui uma dos milhões de pessoas que aceitaram os conselhos dos cientistas e se isolaram em suas casas. Não saia para nada, a não ser o básico (supermercado e farmácias). Mesmo assim, me protegia o tempo todo com máscaras e a saída não durava mais que 15 minutos por vez. Só faltou tomar banho com álcool em gel. Tinha semanas que minha única escapada do apartamento era para levar o lixo para fora. O auge da minha vida social.

O isolamento não foi fácil. Fiquei longos períodos sem ver ninguém pessoalmente. Ninguém mesmo. Tinha a companhia de três gatas e de um computador, com o qual conversava com as pessoas queridas. Meu wifi foi o que me salvou de ficar depressiva ou louca. Namorados? Não sei o que é namorar há dois anos.

Dois anos. Tantas mortes. Tanta tristeza.

As variantes, as fake news, os negacionistas prolongaram a pandemia. Muitos brasileiros poderiam ter sobrevivido se o governo federal tivesse tomado as rédeas da situação, apoiado o isolamento e comprado as vacinas logo que surgiram no mercado. Muitos brasileiros teriam a mínima proteção para enfrentar esse momento.

Mas elas vieram. Mesmo contra a vontade de alguns, as vacinas venceram. A prova foi a última onda de covid, no início deste ano. Embora com números estratosféricos de contaminação pela variante Ômicron, o número de mortes caiu. Vacinados, as pessoas venceram a doença. O que nos encheu de esperança de, um dia, voltarmos a ter uma vida normal, a superarmos os traumas de uma pandemia mundial.

Agora os governos falam de retirar a obrigatoriedade das máscaras. É o momento disso? Não sei. Só sei que continuo diabética e hipertensa. Só sei que ainda corro riscos. Porque, embora vacinada com três doses (e com quatro, cinco e com quantas mais vierem a ser aplicadas), ainda posso morrer por covid. Só sei que é hora de continuar – eu e quem mais tiver comorbidades – nos cuidando.

Porque a vacina venceu. Mas o vírus ainda continua solto, circulando, pegando quem se descuida. Eu que não vou me arriscar. Não irei locais de aglomerações. Não deixarei de usar a máscara. Valorizo muito mais minha vida que uma balada. Espero que você também.

Foto: Arquivo/AEN

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