Mariano sofreu uma trombose no instestino, estava na UTI da Santa Casa e não resistiu
Telma Elorza
O LONDRINENSE
É com imensa tristeza que comunico a morte, na manhã desta segunda-feira (8), na Santa Casa, do jornalista Antônio Mariano de Souza Júnior, por trombose no intestino. Mariano, como era conhecido, tinha 59 anos e esteve presente na minha vida por 42 anos de amor e amizade. Ele deixa o companheiro José Américo Merlini e os irmãos Rogério e Ubiratã, cunhadas e sobrinhos. O velório acontece nesta terça-feira (9), na Acesf, das 6 às 16 horas. Depois o corpo será cremado.
Mariano nasceu em Tupi Paulista (SP), filho dos professores Antônio e Eurídice por quem tinha enorme amor, respeito e admiração. Se mudou para Londrina no início de 1982, para cursar jornalismo na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Conheci-o quando cheguei em Londrina, no segundo semestre daquele ano, também para cursar jornalismo. Fizemos amizade logo de cara e nunca mais nos largamos.
Ele esteve presente em todos os momentos importantes da minha vida, assim como eu o acompanhei nos seus momentos de dor e de alegrias – com curtas ausências por períodos, quando a vida insistia em nos afastar. Trabalhamos juntos por quase 20 anos na Folha de Londrina e, depois, cada um foi para seu lado, mas sempre estávamos em contato.
Mariano quase surtou quando ficou sabendo que tive uma paralisia facial, em 2011, achando que era um AVC. Eu o acompanhei de perto quando, por duas vezes antes, ele esteve perto da morte.
Há 11 anos, uma trombose profunda levou uma parte da perna esquerda. No ano seguinte, novos trombos apareceram, desta vez perto do pulmão, que o deixou entre a vida e a morte. Durante todo esse período, uma forte corrente de energias positivas e orações o sustentou.
Sua fé por Nossa Senhora Aparecida não o abandonou jamais. Umbandista, candomblecista, católico, Mariano tinha fé em todas as religiões, mas seu amor maior era mesmo Cidinha, como chamava Nossa Senhora, com a intimidade de quem tinha o amor maior.
Criativo, divertido, um ótimo cantor – fã de Maria Bethânia, de Gal Costa e todos os grandes cantores brasileiros – tinha um profundo conhecimento da música popular brasileira, gosto herdados dos pais. Quando se arriscava no violão e soltava a voz potente, sempre conquistava os ouvintes.
Quando não conseguiu mais trabalhos como jornalista, Mariano esqueceu o orgulho e foi atrás de qualquer emprego. Há um ano se tornou bancário e lidava com a mudança de profissão com o bom humor costumeiro. Estava vivo e trabalhando, era tudo que queria.
Bem humorado, sim, mas também não deixava barato quando o provocavam. Dono de uma língua ferina, entrava em embates homéricos cada vez que se sentia injustiçado ou via um amigo sofrendo com injustiças. Com seu temperamento forte, conquistou muitos amigos e também muitos que não gostavam dele.
Foi co-fundador do O LONDRINENSE, ao meu lado e da Mirella Fontana. Mas não demos certo, somos muito estourados para trabalhar os dois juntos. Para não perdemos a amizade tão preciosa, ele preferiu se afastar.
Na última quarta-feira (3), fiquei sabendo que estava internado com uma obstrução intestinal grave. Fui visitá-lo antes de viajar para casa da minha mãe, no interior de São Paulo, que estava precisando de mim. Brinquei com ele: “está na hora de parar de me encontrar com você em hospitais. Agora é sua vez de me visitar em hospital”.
Rimos, mas ficou brabo comigo, afirmando que eu não deveria dizer aquilo nem brincando. No último sábado (6), me mandou a última mensagem. “Reza por mim, tô entrando para fazer um cateterismo, descobriram trombos no intestino”. Liguei para ele, mas não me respondeu mais.
Júnior, Juninho, vai em paz, meu amigo, meu irmão. Que me chamava de irmãe e que me amava.
Fotos: Acervo pessoal