Por Clodomiro Bannwart
Ontem pela manhã, segunda-feira, fui perguntado a respeito do silêncio do Bolsonaro, em não reconhecer sua derrota no pleito eleitoral. Minha resposta foi a seguinte:
Parece-me que o silêncio de Bolsonaro envolve uma razão de fundo psicológico. Ele sempre foi arredio ao contraditório. Nunca demonstrou disposição ao diálogo. Sempre destratou seu oponentes ou qualquer pessoa que o criticasse. Servia-se de um vocabulário chulo para encerrar conversas que o desagradasse. Em relação aos fatos, não era diferente. Distorcia dados e fatos com maestria. Interpretava do seu jeito, bem ao sabor do seu séquito. Porém, na noite de domingo, uma realidade se impôs: a sua derrota eleitoral. Ele sabe que ele não pode mudar este fato, que nenhuma fake news pode alterá-lo, e que o seu vocabulário chulo não tem como contra-argumentar. Ficou prisioneiro do seu próprio silêncio.
Hoje, terça-feira(1), tendo a rever o argumento de ontem. Ao que parece, estamos lidando com uma pessoa pequena, sem grandeza democrática, sem capacidade de honrar a liturgia do cargo que ocupa, sem respeito aos seus eleitores – os quais merecem, ao menos, um agradecimento pelos votos que lhe confiaram. Sem respeito à maioria que escolheu o seu opositor para governar o país. Sem respeito às inúmeras pessoas prejudicadas pelas manifestações golpistas de seus seguidores tresloucados.
O Brasil seguirá o caminho da democracia, fazendo valer a ordem e a legalidade contra os tentáculos do golpismo.
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Cl

Clodomiro José Bannwart Júnior
Professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina. Coordenador do Curso de Especialização em Filosofia Política e Jurídica da UEL. Membro da Academia de Letras de Londrina.
Foto: Marcos Corrêa/PR