Por Fábio Luporini
Geral, externo e coercitivo. Essas são as três características de um fato social, conceito básico para entender a sociedade, segundo o sociólogo Émile Durkheim. Geral porque se aplica a diversos indivíduos, seja de um grupo social específico ou de uma sociedade determinada. Externo porque advém de fora do indivíduo. E, por fim, coercitivo, porque exerce uma pressão sobre o indivíduo. E é justamente sobre esta pressão quer quero escrever hoje. Mas, chamando-a por outro nome: constrangimento.
O constrangimento pode ser entendido como uma coerção. Além disso, é também uma coação, repressão ou uma violência física, moral ou psicológica exercida sobre alguém a fim de “obrigar” a pessoa a agir contrariamente à vontade dela, mas, de acordo com a minha. Normalmente, o constrangimento é exercido em público, quando o indivíduo está desabilitado de seus mecanismos de defesa, tem menos propensão a dizer não. Ou seja, quando o indivíduo é ou se sente constrangimento com alguma situação vexaminosa.
Nesse sentido, levando-se em conta as duas outras características, é possível entender o constrangimento como um fato social, principalmente, dotado de coerção, muitas vezes, obrigando as pessoas a agirem de determinada maneira. O problema é que, tal qual pressupõe o pensamento durkheiminiano, para evitar uma desarmonia social, a pessoa constrangida acaba por relevar o constrangimento pelo qual passa. E isso mantém a sociedade organizada, no sentido de não haver conflito.
Entretanto, a pessoa constrangida sofre um tipo de violência, a qual não deveria sofrer. E, em nome de uma harmonia social, deixa de dizer não. É preciso fazermos o movimento contrário. Em vez de haver o constrangimento, é preciso que, em nome da ordem social, as pessoas deixem de constranger umas às outras. Desde piadas e brincadeiras até colocar as pessoas em situações vexaminosas, seja na escola, no trabalho ou em qualquer outro lugar. Quer um exemplo? Eu não vou ao teatro assistir um stand-up porque tenho receio de ser constrangido por alguma brincadeira. Situação simples, mas, bastante exemplificadora. E, como dizem por aí: Não é não. Certo?

Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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