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O Brasil constrangedor que perde parte de sua identidade

Por Fábio Luporini

A Copa do Mundo no Qatar tem trazido à tona não apenas o melhor que o brasileiro tem, que é a felicidade, a alegria e a cordialidade, qualidades tão marcantes do nosso povo, conhecidas no mundo inteiro. Infelizmente, temos visto o brasileiro passar vergonha por características ruins, por constrangimentos internacionais, algo que não estávamos acostumados a presenciar, mas que passaram a fazer parte do noticiário nacional nos últimos anos.

Outro dia, o cantor e compositor Gilberto Gil foi xingado, filmado e constrangido publicamente por “patriotas” torcedores brasileiros em pleno Qatar, simplesmente por ter declarado voto e apoio a um candidato político presidencial diferente do que esses “patriotas” provavelmente defendiam. Gilberto Gil não foi apenas um ministro de Estado, respeitadíssimo no cenário cultural, mas, é um dos maiores e mais importantes artistas do imaginário popular, da cultura brasileira. Não merece nem deveria ser constrangido em um país como o Qatar, onde, inclusive, quem o fez pode ser preso durante um ano.

O mesmo aconteceu, em nível político, com o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com o candidato a presidente Ciro Gomes, e com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Será que a elite brasileira anda perdendo a noção e o respeito, a classe e a elegância? Quer fazer críticas construtivas? Isso é legítimo. O que não é legal nem ético e fazê-lo de maneira constrangedora e apenas a um lado ideológico.

Por outro lado, também é ridículo celebrar ou comemorar a dor do outro. Muitos “patriotas” destilaram ódio nas redes sociais comemorando a lesão que tirou o jogador Neymar de alguns jogos do Brasil na Copa. Uma dor ou situação como essa não se celebra, mas, ao contrário, compadece-se e se solidariza. Você pode até não concordar com a postura do jogador, ter uma visão crítica, entretanto, é desumano ficar feliz com a tragédia do outro.

O advento do discurso de ódio nos últimos anos tem trazido o pior do brasileiro à tona. E isso é muito triste e vergonhoso, muito constrangedor. Ao ponto de não nos reconhecermos mais como uma nação, ao ponto de perdermos parte de nossa identidade. Quando e como iremos recuperar tudo isso?

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Pexels

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