Política e cidadania, uma dupla em extinção

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Por Suzi Bonfim

No Brasil, a política como um exercício de cidadania se perde cada dia mais, em função das divergências partidárias do cenário nacional. Atualmente, duas correntes dominam o debate: de um lado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva; do outro, o ex-presidente Jair Bolsonaro transformando questões políticas em provocações ideológicas e dividindo famílias e amigos.

A proposta não é nominar quem está apoiando quem, mas fazer uma retrospectiva, um esforço mental sobre os políticos que elegemos no Legislativo e Executivo municipais. Será que você se lembra em quem votou para vereador, sabe quais  as propostas feitas durante a campanha (que ganharam seu voto) e que, de fato, foram concretizadas, seja em forma de lei ou levadas para o debate no parlamento?

A Câmara de Vereadores de Londrina, por exemplo, com 19 parlamentares, entre eles, 7 mulheres, da 18ª Legislatura (2021-2024), que representam nove partidos e um parlamentar sem filiação. 

É preciso abrir um parênteses e destacar que, dos cinco vereadores mais votados, em outubro de 2020, quatro são mulheres, um homem aparece em segundo lugar. 

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Portanto, não é preciso dizer mais nada sobre o potencial do sexo feminino para assumir cargos eletivos. As mulheres estão e têm espaço na política, basta se permitir e encarar o desafio. 

Capacidade para ser eleita e estar no Legislativo Executivo, por meio do voto popular é apenas um dos passos a trilhar neste processo. Chegando lá, neste caso, nas Câmara Municipais, tem início uma nova etapa que é se posicionar, ter voz e fazer valer os votos recebidos nas urnas em terreno que muitos ainda consideram uma espécie de Clube do Bolinha.   

Pois bem, voltando à legislatura em vigor na cidade de Londrina. Qual a avaliação do parlamentar que você elegeu e está lá como representante do povo? Quantas vezes você, eleitor, encontrou o seu vereador na chamada base, onde ele conquistou a maioria dos votos?

Política: reivindicar e cobrar quem o representa

Aliás, a Câmara de Vereadores – também conhecida como a casa do povo – acredito que recebe a visita de uma parcela muito pequena da população. A maior parte dos cidadãos tem uma certa aversão quando se fala de política, associando diretamente à questão partidária e não ao ato de interferir na gestão da cidade onde ele vive, reivindicar e cobrar quem o representa de perto. Uma postura cidadã, de quem quer o melhor para o lugar onde vive.

Em uma rápida pesquisa no site da câmara, nesta legislatura, as vereadoras contabilizam a autoria individual e em conjunto de quase 200 projetos de leis. Na verdade, não é o número de projetos de lei que importa, considerando que boa parte não tem efeito prático para a cidade, como concessão de títulos de cidadão londrinense, nomeação de ruas e avenidas e coisas do tipo. 

Entre as leis mais relevantes, com participação direta da bancada feminina, estão a que instituiu o Programa Apoio Mulher, destinado ao apoio às mulheres em situação de violência doméstica e familiar e em situação de vulnerabilidade socioeconômica e a que dispõe  sobre o combate à pobreza menstrual no âmbito do Município de Londrina, e dá outras providências.

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Leis bem específicas e necessárias, mas em uma cidade com tantos problemas como Londrina, falta mais atenção do Poder Público, mais debate, mais presença dos que representam a população nas ruas da cidade.

A articulação por uma Delegacia da Mulher que funcione 24 horas, de segunda a segunda, é uma das pautas imprescindíveis. Onde estão os parlamentares neste processo de discussão? Esse problema vem sendo mostrado há meses e, até agora, nada se consolidou.

Pense nisso e comece a mudar sua postura como eleitor. Quem sabe assim, o candidato também muda. Eleger mais mulheres e homens comprometidos com o bem estar das pessoas, com infraestrutura digna e serviços de qualidade no município depende muito mais da nossa capacidade de escolha e discernimento do que do gênero em si.

Suzi Bonfim

No Brasil, a política como um exercício de cidadania se perde cada dia mais, em função das divergências partidárias do cenário nacional.

Jornalista, formada na UEL, por quase 30 anos morou em Cuiabá -MT. De volta a Londrina-PR, vive a fase R de reencontros e renovação, respirando novos ares. Escreve sobre o que acredita por um mundo melhor. Instagram @suzi.bonfim

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