Por Suzi Bonfim
Envelhecer. Estou envelhecendo, graças a Deus! Hoje faço parte da maioria da população brasileira de mais de 203 milhões de habitantes, segundo dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este ano.
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Sou uma das 104 milhões de mulheres, o equivalente a 51,5% da população no país, já os outros 48,5% ou 98.532.431 são homens. Também estou bem próxima da faixa etária que mais cresce no país: os idosos com 65 anos ou mais que somam 22.169.101 e representam 10,9% dos brasileiros, de acordo com o IBGE.
Para além dos impactos destes números nos serviços públicos e na sociedade de um modo geral, é fundamental avaliar a forma como cada um de nós está caminhando para a ter mais longevidade.
Estar viva e com saúde é uma benção e um grande privilégio. Não é preciso muito pra ter esta certeza. Basta olhar em volta e lembrar de inúmeras pessoas queridas que já não estão neste plano, que partiram com menos idade que eu.
O fato é que só com a idade temos a percepção de certas questões relacionadas à qualidade de vida que no “batidão” do dia a dia, envolvidos com trabalho, família, dinheiro e consumo, não nos damos conta.
Conexões necessárias para envelhecer com qualidade de vida
Assistir o documentário Como Viver até os 100: Os Segredos das Zonas Azuis na Netflix, que mostra o que as pessoas de regiões distintas do planeta têm em comum para viver mais de 100 anos, me fez avaliar algumas questões diante dos registros do escritor e pesquisador Dan Buettner.
Pessoas simples, sem luxo ou preocupadas com o TER, mas com o SER, fazem o básico: alimentação saudável, exercícios regulares e uma boa noite de sono. Não vão à academia, correm quilômetros ou fazem outras atividades físicas além do esforço exigido nas caminhadas para ir à missa, ao mercado ou visitar um amigo, trabalhando no campo, cuidando da horta, do jardim e da casa. Nada de excepcional, mas pouco provável na vida moderna,
As ações que complementam esta rotina fazem toda a diferença. As pessoas que ultrapassam os 100 anos, no documentário, exercitam a fé, praticam o bem, se ajudam mutuamente, têm um propósito de vida e, principalmente, mantêm um relacionamento constante com a família e os amigos.
Estar junto dos que se ama, conversar sobre a vida, comer e beber um vinho, sem pressa, aproveitar o momento como uma dádiva. Simples, assim!

Por gostar de tudo isso, às vezes, me sinto até meio “fora da casinha”.
Mudei minha vida pra ficar mais perto da família e tomar um café com os amigos, lembrar dos tempos da faculdade e falar dos planos pra fazer tudo o que ainda quero na vida, é um prazer pra mim.
Nem sempre esses encontros são possíveis, mas insisto.
A vida nos tempos da Era Digital nos impõe: pouca conversa e mais mensagens por meio dos aplicativos, curtas, de preferência, já as reuniões de trabalho, agora chamadas presenciais, são por vídeo-chamada ou meet (on-line).
Não há tempo para falar sobre a vida, trocar experiências e afinidades, para cultivar amizades. O resultado é a solidão, a tristeza e depressão, os males do século.
Deus me livre!!
Suzi Bonfim

Jornalista, formada na UEL, por quase 30 anos morou em Cuiabá -MT. De volta a Londrina-PR, vive a fase R de reencontros e renovação, respirando novos ares. Escreve sobre o que acredita por um mundo melhor. Instagram @suzi.bonfim
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