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Culturas e espaços diferentes, acessos distintos

Por Suzi Bonfim

Choque cultural, no bom sentido, é uma das experiências que me marcaram na última semana: indígenas e japoneses. Diferenças, espaços e visibilidade contrastantes.

Primeiro, o contato com o povo indígena, no Aterro do Lago Igapó, nos dias 03 e 04 de junho, quando as etnias Kaingang e Guarani disputaram dez modalidades esportivas tradicionais. Em seguida, 07 a 11, a ExpoJapão,

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Pelo menos, 200 indígenas, homens e mulheres, das aldeias Aldeia Água Branca e da Apucaraninha, localizadas próximas às cidades de Londrina e Tamarana, e da Terra Indígena de Laranjinha, no município de Santa Amélia, no norte pioneiro do Estado disputaram os jogos.

No sábado (05), sob um céu azul, atletas e pessoas da comunidade, índios e não índios, circulavam pelo acompanhando os jogos e a feira de artesanato montada no Aterro do Igapó.

Poucos pra ver tanta diversidade junta. O som dos cantos indígenas ecoava alcançando os prédios no entorno do lago na Gleba Palhano.

Pelo gramado, jovens indígenas usavam cocares de penas coloridas.

Senti que estavam orgulhosos em mostrar que estão mantendo a cultura com persistência. Alguns falavam a língua guarani ou Kaingang como um código pessoal que os mantém únicos e unidos.

As mulheres atraíram muito mais a minha atenção pela postura, pela força, pelo olhar, rosto pintado, os cabelos negros brilhantes, os colares, brincos e cocar de penas.

Evelyn Ré-Nãn, 14 anos, filha de Kaingang e Guarani, estava entre elas. Foi fotografada por muitos que a viram no aterro.

É necessário e fundamental que estes jovens adolescentes sejam fortes o suficiente para fazer valer a luta dos povos originários e, apesar de toda a pressão cultural que cerca a comunidade nas aldeias, expressem o que são sem medo.

Na corrida com a tora, as atletas carregaram o tronco de árvore de quase 50 quilos no mesmo percurso que os homens (não conheço as regras, mas é o tempo que conta pontos, pelo que entendi). Na zarabatana, vi apenas uma mulher naquela tarde, soprar e acertar os dardos no centro do alvo. Perfeito, fôlego e precisão.

Elas e eles estavam lá, com os filhos, rostos pintados se mostrando, protestando no lugar que é de todos nós.

Na ExpoJapão, na quarta-feira (7), na Acel em Londrina, com acesso difícil, longe do centro, sem transporte coletivo, a comunidade japonesa estava lá.

De novo, o orgulho de velhos e jovens em manter a tradição do povo que fez do Brasil a sua pátria.

Uma vasta demonstração do que a colônia japonesa produz na região, da gastronomia, de produtos importados, da música e da dança. Lindo ver as mulheres, a maioria, dançando em uma roda, fazendo as coreografias com gestos delicados.

O convite para que todos participassem, mesmo sem saber os passos, era insistente. Mas, poucos aderiram. Tentei acompanhar por uns minutos, mas desisti. Acho que se eu entender o que a dança significa, talvez aprenda mais facilmente.

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O que ficou de tudo isso: nos jogos indígenas esperava ver a comunidade no Aterro do Lago Igapó em contato com o quem é parte da história deste país e luta para manter viva esta descendência.

Mas, apesar do dia lindo, do lugar de fácil acesso, não havia muita gente. Fiquei feliz por ver um grande amigo reencontrando suas origens.

Já no evento da comunidade japonesa, tudo é uma demonstração da união que faz a força. Os mais velhos atraindo os jovens e repassando um legado.

É assim, nesta diversidade e com respeito as diferenças que todos índios, negros, brancos, pardos, japoneses… e quem mais vier tenham espaço, apoio e oportunidade.

Fotos – Jogos Indígenas – O Londrinense, Ascom prefeitura de Londrina e Felipe Barbosa (luta mulheres Kaingang e Guarani)/ ExpoJapão – Pedro Matsuo

Suzi Bonfim

É jornalista, formada na UEL, por quase 30 morou em Cuiabá -MT. De volta a Londrina-PR, vive a fase R de reencontros e renovação, respirando novos ares. Escreve sobre o que acredita por um mundo melhor.

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