Por Vander Cardoso
Há algumas semanas, falamos aqui da importância dos seguros para a economia. Muito além de proteger o patrimônio e dar garantias aos contratos, o que fornece segurança aos negócios, a poupança que se forma com os prêmios angariados pelas seguradoras volta para o mercado sob forma de empréstimos e financiamentos, estimulando a economia. Assim, dada a importância do seguro, o mercado se organizou para buscar melhores resultados a cada ano.
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Entretanto, nem sempre foi assim. Houve um tempo em que este mercado segurador era visto com maus olhos, o que retardou seu desenvolvimento. Difícil entender? Vamos lá. A percepção distorcida dos fatos ou a má intenção de alguns agentes, explicam isso.
Recentemente, vivemos bons momentos no campo econômico. Tínhamos uma regra que limitava os gastos do governo às suas receitas. Ainda que haja críticas, nenhum economista discordará da importância desse modelo. Ele traz segurança e, por isso, cria uma perspectiva favorável aos negócios.
Dessa forma, empreendedores sentem-se estimulados a investirem em suas empresas. Ao investirem, aumentam a produção e a renda. Com produção maior, há mais oferta e pouca pressão sobre os preços, contendo-os.
Ainda assim, decidimos mudar o rumo. Talvez pela demora natural dos resultados quando usamos medidas sólidas e estruturantes, passamos a criticar o modelo e o trocamos por um outro. No novo modelo, os gastos do governo têm maior alcance. Obviamente, os resultados dessa política populista tendem a trazer resultados mais imediatos, todavia insustentáveis.
Mas o que tem isso a ver com os seguros? Disse, há pouco, que houve um tempo em que o mercado segurador era malvisto. Aqui a semelhança com a política econômica atual. A miopia gerencial, incapaz de uma análise mais abrangente, em perspectiva, conduz-nos à perda de oportunidades.
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No século XIII, os babilônios, que eram grandes comerciantes, atravessavam o deserto com seus camelos para fazerem negócios com povos distantes. A travessia, entretanto, trazia riscos. Muitas vezes, parte desses comerciantes perdiam seus camelos durante o caminho. A saída que encontraram foi a formação de grupos, que se quotizariam para cobrir os prejuízos dos azarados, ou seja, os prejuízos de alguns eram divididos entre todos.
Já na Idade Média, prática semelhante era exercida pelos navegadores fenícios. Estes também trataram de adotar o mesmo método entre si. Prejuízos pelas embarcações naufragadas durante viagem de negócios, eram suportados pelos grupos formados entre os navegadores.
Neste momento, percebendo a oportunidade, banqueiros passaram a assumir esses riscos, a troco de determinado valor. Seriam as primeiras seguradoras. A economia mostrava seu poder de organização na geração de riquezas. Todavia, surge aqui o impedimento.
A igreja, com grande poder naquele tempo, opôs-se a este tipo de negócio, proibindo-o, inclusive. Segundo ela, infortúnios seriam vontade de Deus e, por isso, não deveriam ser contornados pelo homem. Fazê-lo seria um sacrilégio.
Felizmente, o tempo passou e hoje os seguros são vistos como importante componente do nosso PIB. Como dito, os seguros são fomentadores da economia. Pretendo aqui demonstrar os malefícios causados a todos por medidas governamentais desastrosas. Os seguros já pagaram seu preço.
Por isso, se hoje podemos contratá-los livremente, façamo-lo. Quando compramos uma apólice, ao mesmo tempo que garantimos nosso patrimônio, estamos permitindo que o país prospere, ainda que, em certos momentos, estejamos sendo guiados por idiotas.
Vander Cardoso
Formado em Administração pela UEL e em Economia e Contabilidade pela Unopar. Pós graduado em Marketing, tem MBA em Estratégia Empresarial pela USP. Atua no ramo de seguros desde 1990, tendo sido gerente comercial em várias seguradoras, nacionais e multinacionais. Atualmente é professor universitário e sócio-administrador da Max Line Corretora de Seguros. Fone (43) 3027-2707, cel (43) 999573708. Site: www.maxlineseguros.com.br. Instagram @maxlineseguros
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