Por Edmilson Palermo Soares
Muitas vezes ouvi alguém dizendo: “Sou como vinho, quanto mais velho fico, melhor”.
Mas será que isso é verdade? Não estou nem querendo julgar se a pessoa é tão melhor assim….rsssss
Bem, vamos lá.
Não são todos os vinhos que se beneficiam com o envelhecimento. Para envelhecer com qualidade, o vinho precisa ser produzido com uma uva saudável e de qualidade oriunda de uma região de prestígio e de uma safra boa. É necessário que haja uma boa base de acidez, tanino e álcool. Esses fatores são responsáveis por proteger o vinho dos efeitos da oxidação.
A acidez é um fator de grande importância. Sem ela, o vinho perde o frescor e parece uma bebida choca. Os vinhos brancos, por terem uma carga de tanino muito baixa, dependem da acidez para terem longevidade. Já os tintos, precisam do equilíbrio entre acidez e tanino, este último auxilia na conservação do vinho e na preservação da cor.
Existem vinhos que são feitos especificamente para envelhecimento prolongado. São os chamados Vinhos de Guarda. Estes vinhos, quando ainda não evoluíram (permaneceram um tempo guardados na garrafa antes do consumo), podem estar um pouco ásperos, com as características não bem integradas. Depois de seu período de envelhecimento tornarem-se mais delicados ao paladar.
Um exemplo de Vinho de Guarda é o famoso Barolo, da região italiana do Piemonte, que precisa de mais de 10 anos para chegar no auge.
O vinho é um corpo vivo que nasce, amadurece, envelhece e morre.
O amadurecimento é o período em que o vinho fica aguardando para ser engarrafado depois da fermentação. Pode ser em barricas de madeira, ovos de concreto, tanques de inox e até ânforas de barro. Neste estágio o recipiente irá refinar o vinho, deixando-o mais equilibrado e/ou complexo, influenciando em sua estrutura e podendo agregar aromas e sabores.
Nem todo vinho que passa pelo processo de amadurecimento serão vinhos de guarda, eles serão vinhos jovens amadurecidos, e este processo irá ajudar para que exista um equilíbrio entre taninos, acidez e aromas. Neste caso, o vinho deve ser consumido em até cinco anos da safra, se mantido na garrafa por mais tempo podem perder as suas características que se esperava e se tornar um vinho ruim.
Os vinhos de guarda precisam de um período em garrafa na vinícola antes de serem comercializados.
Para estes vinhos precisamos de cuidados especiais para mantê-los “guardados”.
- Devem ser mantidos longe da incidência de luz solar;
- Evite local com variações de temperatura, sendo a temperatura ideal entre 10º e 13º graus;
- Mantenha a umidade em torno de 75%;
- Cuide das rolhas, pois se eles ressecarem o vinho pode se oxidar (haverá a entrada de oxigênio na garrafa).
- As garrafas deverão ser mantidas sempre na horizontal para que a rolha mantenha contato com o líquido;
- Gire as garrafas delicadamente com certa frequência.
O vinho acondicionado em local inapropriado envelhece quatro vezes mais rápido e, quando sofre variação de temperatura, fica mais propenso a desenvolver defeitos.
Esta crença do vinho “quanto mais velho, melhor” vem de tempos antigos onde os vinhos eram “duros”, tânicos e difíceis de beber, quando jovens. Eles precisavam ser envelhecidos para que ganhassem equilíbrio.
Com o passar dos séculos e o desenvolvimento das técnicas e conhecimentos de produção, os vinhos chegam ao mercado prontos para serem consumidos.
Um brinde!
Edmilson Palermo Soares


Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin