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O Valle d'Aosta tem vinhos DOC e uma raridade enológica: o Prieuré Vallée d’Aoste Chambave Moscato Passito DOC

Valle d’Aosta: qual sua relação com os vinhos italianos?

Por Edmilson Palermo Soares

O Valle d’Aosta é uma região do noroeste da Itália que faz fronteira com a França e a Suíça.

A região está localizada nos Alpes Ocidentais, conhecida por ter em seu território alguns picos nevados, os mais altos da Itália e da Europa: Cervino, Matterhorn, Monte Branco (Mont Blanc), Monte Rosa e Gran Paradiso.

O Valle d’Aosta possui belíssimas paisagens de montanhas e é ideal para prática de esportes de inverno. Conta com quase 30 estações de esqui, algumas bem famosas, como Courmayeur e Breuil-Cervinia, que atraem esquiadores de toda a Europa.

A paisagem da região é pontilhada por castelos e fortalezas medievais, como o Castello Fénis e o Castello di Verrès, do século XIV.

As montanhas do Valle d’Aosta- Foto: Pixabay

Existem marcas de presença humana que datam de 3.000 A.C. Lígures e celtas habitaram a área na Antiguidade.

Pela localização estratégica entre a Gália e a Germânia, no século I a.C., o vale atraiu os romanos, que fundaram Augusta Pretória (atual Aosta). Nesta cidade foi encontrada uma grande quantidade de artefatos romanos, ficando atrás apenas de Roma e Pompeia e, por isso, tem o título de “Roma dos Alpes”.

Em alguns momentos de sua história, a região foi anexada à França. Parte de seus habitantes fala francês até os dias de hoje.

Durante a Idade Média, ao contrário de outras regiões italianas que mergulharam no caos e na decadência, o Valle d’Aosta prosperou em razão de sua situação privilegiada como rota comercial entre a Suíça e a França.

Diferentemente das demais regiões italianas, o Valle d’Aosta não é dividido em províncias. Sua Capital é a cidade de Aosta. Possui 74 comunas com cerca de 126.000 habitantes e 3. 262 km².

Mas o que o Valle d’Aosta tem de especial para os vinhos?

A topografia do território permite a existência de microclimas locais muito diferentes, mesmo entre vales ou encostas próximas. As temperaturas são diversificadas em relação à altitude do território: na alta altitude prevalece o clima alpino, com verões curtos e frios e com temperaturas com picos acima de 30 ° e abafados, invernos frios e longos com temperaturas de até dez graus abaixo de zero.

Reprodução

Só existe um único DOC: Valle d’Aosta. Mas existem 7 sub-áreas: Arnad-Montjovet, Blanc de Morgex, La Salle, Chambave, Donnas, Enfer d’Avrier, Nus, Torrette. Eles ainda podem ser identificados pelos tipos de vinificação: novello, Passito, colheita tardia e vinho espumante.

Já ouviu falar de Ice Wine?

Entre as montanhas do Valle d’Aosta existe um número muito pequeno de vinhas localizadas a alturas inesperadas, acima de 1100 metros, de onde se obtém um determinado vinho: o “Vin de Glace”.

O Chaudelune Vin de Glace “Ice Wine” é um vinho branco particular obtido a partir da colheita noturna, produzido pela vinícola Cave Mont Blanc, localizada entre os municípios de Morgex e La Salle. Os vinhedos atingem 1.200 metros acima do nível do mar nas encostas do Mont Blanc e são as mais altas da Europa.

A uva utilizada na produção deste vinho é 100% Prié Blanc, colhida após as primeiras geadas a temperaturas entre -6 e -10 ° C. Os cachos, aprisionados no gelo, duros como cristais, são colhidos à noite, antes do amanhecer, para evitar os dias de sol que, ao aumentar a temperatura, iriam muito além do amadurecimento desejado.

A fermentação e o envelhecimento ocorrem em pequenos barris de carvalho, que não são enchidos para ajudar na oxidação e por isso apresentam uma maior complexidade olfativa.

Este vinho tem uma cor amarelo dourado, no olfato aromas de camomila, menta, mel, damasco seco e laranja cristalizada. O paladar é doce, mas perfeitamente equilibrado pelo componente fresco-salgado.

Por volta de 1494, foi oferecida ao rei da França Carlos VIII uma garrafa de Moscato Passito da região de Chambave. O Rei exigiu a produção deste vinho nos anos seguintes. Desde então, a tradição de produção também foi transmitida ao longo dos séculos, tendo sofrido apenas alguma inovação necessária.

Prieuré Vallée d’Aoste Chambave Moscato Passito DOC é uma verdadeira raridade enológica, tendo uma complexidade surpreendente, sendo uma experiência única.

Vamos viajar para o Valle d’Aosta através dos vinhos?

Um brinde!

Edmilson Palermo Soares

Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin

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Foto pricipal: Divulgação/Domini Veneti

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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