Por Edmilson Palermo Soares
Na região da Puglia, na Itália, o ícone mundialmente conhecido é a Uva Primitivo e, com ela, se fazem vinhos que agradam muitos paladares.
O curioso é que está uva tem uma ancestral que é da Croácia, conhecida como Tribidrag. Posteriormente, um clone da Primitivo foi parar na Califórnia, levada por imigrantes que foram tentar a vida na América do Norte, e hoje é conhecida como Zinfandel.
Os primeiros registros de comercialização de vinhos desta uva datam de 1.400 D.C.

O seu nome é uma referência à sua maturação. Enquanto as outras castas tintas costumam amadurecer em meados de outubro, a Primitivo já é considerada madura em agosto. Contudo, não é por isso que a uva é imediatamente colhida, muitas vezes sendo retirada da videira com um elevado grau de maturação, influenciando nitidamente as características finais dos vinhos.
O território da Puglia é relativamente grande, onde as vinhas podem se desenvolver em solos vulcânicos, calcários e em solos negros originados de depósitos aluviais e de areia do mar. Em cada uma dessas regiões se expressa de formas distintas.
Embora a região seja extremamente quente no verão, algumas microrregiões sofrem interferência do Mar Adriático e do Mar Jônico, aumentando significativamente a amplitude térmica, favorecendo uma maior concentração de cor e aromas nas frutas, refletindo em vinhos mais concentrados e complexos.
Os frutos têm pele fina e delicada e a polpa concentra uma excelente quantidade de açúcar — uma característica que influencia no teor alcoólico da bebida e na doçura residual.

A uva Primitivo e seus vinhos
A uva Primitivo produz vinhos tintos jovens, vinhos tintos firmes e robustos, além de roses de excelente qualidade.
O vinho normalmente é denso, de coloração acentuada e nitidamente frutado. A base aromática são os aromas de frutas vermelhas e negras, geralmente muito maduras. Com a evolução do produto, delicadas notas de especiarias doces podem ser facilmente percebidas. Na boca, é reconhecido por ser muito “redondo” e fácil de beber e não raramente pode demonstrar uma pitada de açúcar no final, auxiliando na maciez do líquido.
Harmoniza com carnes vermelhas assadas ou grelhadas, queijos amarelos e marcantes e com pizzas dos mais variados sabores.
As denominações da uva Primitivo são as seguintes:
PUGLIA IGT – maior volume de produção, normalmente vinhos mais jovens e frescos;
SALENTO IGT – segundo maior volume de produção, normalmente são mais aromáticos;
MANDURIA DOC – são os vinhos mais reconhecidos e conceituados;
MANDURIA DOCE NATURALE DOCG – vinhos de colheita tardia e que passam pelo processo de “appassimento”;
GIOIA DEL COLLE DOC – Região onde primeiro de chamou a uva de Primitivo, os vinhos são mais enxutos e suaves do que o Primitivo di Manduria.
Se ainda não conhece esta uva, procure urgente uma garrafa e boa experiencia.
Edmilson Palermo Soares


Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin
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Foto principal: Bari/ www.italia.it
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