Por Edmilson Palermo Soares
A Região do Piemonte, ao Norte da Itália, faz fronteira com a França e com a Suíça e tem, em seu território, os Alpes e os Apeninos. Piemonte significa “pé das montanhas”. É a região que lançou os vinhos para o mundo.
Por ali passaram godos, bizantinos, carolíngios e sarracenos até que, no século XI, a região aderiu ao território de Saboia.
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Durante longos períodos, a região foi dividida em inúmeros ducados e marquesados que continuamente lutavam entre si. No século XVI começaram os enfrentamentos contra os franceses e, finalmente, no século XVII, a França conseguiu ocupar o Piemonte. Ao longo do século XVIII, as conquistas da região continuaram a alternar-se entre Saboia e França.
O reinado da Casa de Saboia terminou em 13 de junho de 1946, com um referendo no qual os italianos escolheram a república como a sua forma de Estado.
Segundo a constituição da República Italiana, os descendentes titulares da Casa de Saboia do sexo masculino ficavam proibidos de entrar em Itália. Isso só foi alterado em 2002.
A família Saboia foi a proprietária do Santo Sudário, entre 1453 e 1983.
Habitaram vários palácios, que foram denominados como as antigas residências da Casa de Saboia.
A Bandeira da casa de Saboia foi que inspirou a “Azzurra”, as cores oficiais da Seleção Italiana de Futebol.
O renascimento da enologia piemontesa foi o acontecimento que, de fato, relançou a enologia italiana no mundo. Ele cmeçou em meados do século XIX com a revolução introduzida na produção de Barolo.
Até então a produção de vinhos piemonteses era principalmente doce: uma tradição que se acredita ser ditada principalmente por razões comerciais, quando a região de Langhe era o principal fornecedor de vinhos para a poderosa república marítima de Gênova.
Da cidade da Ligúria, os vinhos foram para o mar; portanto, um vinho doce foi capaz de resistir melhor aos perigos das longas viagens marítimas, garantindo uma melhor conservação.
Há também uma explicação adicional sobre o fato de os vinhos serem doces. Sua uva, a Nebbiolo.
Piemonte: o rei dos vinhos
Ela tem uma maturação bastante tardia e, por isso, o frio que se formou nas caves piemontesas durante os meses de novembro e dezembro, juntamente com a indisponibilidade de leveduras específicas, interromperam o processo de fermentação, deixando uma certa quantidade de açúcar residual no vinho.
A marquesa di Barolo, Giulietta Falletti, pediu à um enólogo francês Louis Oudart que melhorasse os vinhos produzidos na sua adega.
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Após uma pesquisa preliminar, ele compreendeu imediatamente o enorme potencial da uva Nebbiolo e também entendeu o motivo pelo qual não era possível produzir um bom vinho: a interrupção da fermentação e a presença excessiva de açúcares residuais.
Nasceu assim o vinho Barolo e teve um grande sucesso em toda a região: Camillo Benso, conde de Cavour, que, até então, não gostava dos vinhos piemonteses, ficou tão impressionado com o novo vinho que decidiu converter as adegas de sua propriedade para a produção do novo Barolo.
O rei Vittorio Emanuele II fez o mesmo nas vinhas da sua quinta de caça em Fontanafredda, em Serralunga d’Alba.
O Barolo ficou conhecido então como “Vinho dos Reis, o Rei dos Vinhos”.
Semana que vem vamos continuar falando desta importante região.
Edmilson Palermo Soares
Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin
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