Por Edmilson Palermo Soares
Franciacorta não é uma região política italiana, portanto já está subtendido que não é um Estado, nem uma cidade. Então o que é?
Existem duas versões para o nome “franciacorta”:
- A presença de vários monastérios de origem francesa, e por isso, era chamada de “Curtes Francae” que pode ser traduzido como tribunais monásticos franceses, ou mesmo pequena França;
- O nome deriva do fato de que a produção do local era franca, ou seja, estava livre de impostos.
Franciacorta é uma área geográfica, montanhosa, localizada entre Brescia e o extremo sul do Lago Iseo, na Lombardia.
Franciacorta é uma zona vinícola, uma área dedicada à viticultura no sul da Província de Brescia.
Ao longo do tempo, vários monastérios se estabeleceram na região, como San Salvatore, Colombaro, Timoline, Nigoline e Cluniac, entre outras, dando continuidade ao cultivo das terras da região.
Acredita-se que foram os monges de Cluniac que levaram para lá as uvas cabernet e merlot, bem como o método de fabricação do espumante. Durante a Alta Idade Média, apesar de todas as guerras e conflitos políticos, Franciacorta se estabeleceu como uma das maiores produtoras de vinho do que viria a ser a Itália.
As denominações reconhecidas neste território são: Franciacorta DOCG e Curtefranca DOC.
As uvas cultivadas são:
- Chardonnay
- Pinot blanc
- Pinot noir – máximo 50%
- Erbamat – máximo 10%
Franciacorta – método clássico
Franciacorta é o nome de um espumante de método clássico (utilizado nas regiões de Champagne, França; e Catalunha, Espanha). Nesse método, o vinho passa por duas fermentações: a primeira em tanques de inox e a segunda dentro da garrafa e, após isso, passa por um envelhecimento de 18 a 60 meses, dependendo do tipo de produto a ser produzido.
Também é conhecido como “o champagne italiano”, mas não cometa o erro de chamá-lo apenas de Champagne, este espumante é uma honra nacional italiana.
A DOC Franciacorta surgiu em 1967, sendo uma das primeiras denominações de origem controlada nascida na Itália, e ela surgiu especificamente, à época, para abranger o tipo espumante de vinho que a região produz.
Depois disso, em 1995, nasceu o selo DOCG Franciacorta que representa um marco para o território fazendo do termo Franciacorta a designação do vinho e do seu método de processamento.
As cidades onde é permitido produzir o Franciacorta DOCG são: Paratico, Capriolo, Adro, Erbusco, Corte Franca, Iseo, Ome, Monticelli Brusati, Rodengo-Saiano, Paderno Franciacorta, Passirano, Provaglio d’Iseo, Cellatica, Gussago e parte das cidades de Cologne, Coccaglio, Rovato, Cazzago San Martino, Brescia, todas na província de Brescia.
A denominação de origem Franciacorta DOCG inclui os seguintes tipos de vinhos espumantes referenciados na garrafa com o método clássico:
- Franciacorta DOCG;
- Franciacorta DOCG Satèn;
- Franciacorta DOCG rosé;
- Franciacorta DOCG vintage;
- Reserva Franciacorta DOCG
Com relação ao sabor, os vinhos apresentam as seguintes classificações:
- Pas Dosé: vinho extremamente seco;
- Extra Brut: muito seco;
- Brut: seco, mais macio que o Extra Brut;
- Extra Dry: macio;
- Sec ou Dry: menos seco e ligeiramente doce;
- Demi-Sec: sabor bem adocicado, indicado para acompanhamento de sobremesas.
O Satèn é sempre Brut, os outros tipos apresentam todos os sabores apresentados.
Existe um Festival Anual da Franciacorta que aconteceu nos dias 16 e 17 de setembro (em 2023, está na 14ª. Edição) com mais de 60 caves abertas e mais de 170 eventos distribuídos pelos 19 conselhos da denominação.
Entre as iniciativas propostas estarão visitas às vinícolas com degustação, jantares de gala, piqueniques nas vinhas e degustações verticais da safra Franciacorta.
Edmilson Palermo Soares
Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin
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