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Carta aberta às mulheres negras

Só há revolução

quando há amor

por nós mesmas.

Poema retirado da obra de Ryane Leão intitulada Tudo nela brilha e queima (2017)

Querida Mulher Negra,

Hoje, 25 de julho, é comemorado o Dia da Mulher Negra Latino – Americana e Caribenha, um dia reservado para falar da nossa existência. Mas, hoje, quero enaltecer a força ancestral que existe correndo em nossas veias, essa mesma força de ancestralidade que nos faz caminhar, ainda que o trajeto seja todo cheio de percalços. Essa força ancestral que nos afirma que somos revolucionárias, que precisamos nos amar e acolher as nossas semelhantes.

Não somos descendentes de escravos. Não, fomos escravizadas por décadas, por uma sociedade que assinou que éramos inferiores. Mas, quando tiraram de nosso povo a dignidade, a comida, a voz e, até nossos filhos, recalculamos as rotas pré-definidas.

Minha Irmã Negra, nosso povo é combativo, descendemos de mulheres pujantes: Tereza de Benguela, Dandara, Aqualtune, Luísa Mahin. Nosso guerrear é diário e contamos com as bênçãos de mulheres que foram potentes em seu tempo, para que, em nosso cotidiano, nosso resistir seja para existir.

Mulher Negra, de nossos ventres nasceram figuras ilustres e essenciais para o desenvolvimento do Brasil, como Enedina Alves Marques, a primeira mulher negra a se tornar Engenheira no Brasil, sendo a quinta mulher a concluir o curso no país.

De nossas mãos surgiu o ecoar de ritmos, festividades, uma culinária repleta de costumes e tradições.

De nossos olhares surgiu o cuidado, o acalento, o carinho, a atenção com o próximo.

De nossos cabelos nasceu uma magnitude de estilo, beleza e imponência.

De nossos lábios nasceu uma voz linda para o Blues, o Jazz, para o Samba e para o levante de nosso povo. Nomes como Ella Fitzgerald, Nina Simone, Dona Ivone Lara, Elza Soares precisam ser citados.

De nossa intelectualidade nasceram obras literárias essenciais para que toda a sociedade saiba que existimos. Aqui, nomes como Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo não podem faltar. Além de Djamila Ribeiro, Sueli Carneiro, Bell Hooks, Angela Davis, entre tantas outras.

Mulher Negra, não se esqueça: Você é importante! Sua história é essencial para o nosso Quilombo. Você é linda! Não duvide do que você pode fazer e onde pode chegar. E se precisar, chore de soluçar, deságue, grite. Encontre novos impulsos.

Mia Couto certa vez escreveu que “A vida é uma gravidez de promessas”. Essa frase é linda e penso que ela transmite nossa transgressão em viver, pois estamos gestando nosso projeto real de liberdade, equidade e respeito. Que nossas promessas nos sejam entregues.

Feliz Dia da Mulher Negra! Axé!

Quem é Viviane Alexandrino

Sou a Viviane, tenho 36 anos e atuo como professora de Língua Portuguesa em colégios da cidade de Londrina. Além da formação em Letras Português, pela UEL, e mestranda em Estudos Literários pela referida instituição, sou formada também em Jornalismo, profissão essa que exerci durante 10 anos antes de me apaixonar pela educação.

Foto: Pixabay

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