Reels tipo fashionista, desfile curtinho no Tik Tok? Não! A plataforma que mais tem divulgado Moda e feito grandes grifes bombarem na internet é o bom e velho YouTube – inclusive entre o público mais jovem. Indo na contramão das mídias sociais, o YouTube se mostrou mais uma vez imbatível no quesito apresentar e ensinar!
Alguns bons exemplos disso – e de como isso vem acontecendo com mais frequência e força desde o ano passado – são as apresentações e desfiles virtuais das semanas de alta costura, além dos fashion films, que há alguns anos se mostraram uma grande sacada quando se trata de comunicar a estética, as ideias e os conceitos das coleções de grandes maisons – ou mesmo de produtos a serem comercializados – para o grande público.
E, embora esses últimos sejam mais curtos, estamos falando de vídeos que em sua maioria têm pelo menos dez minutos e milhares de visualizações – boa parte delas vem da audiência que popularizou o termo cringe.
Nos vídeos, sessões de perguntas pós-desfile, bate papos animados e até talk show fake apresentando conteúdo fashion personalizado. As grandes grifes entenderam muito bem que as fotos estáticas do Instagram não são suficientes para fazer aumentar o interesse de clientes em potencial e nem mesmo de apresentar as marcas para novos públicos (se lembram de quando a Bottega Veneta deletou a conta do Insta e anunciou que se retirava das redes sociais?).
A Moda, além de seduzir, precisa emular – e com atmosfera de sonho com capacidade de despertar os desejos mais profundos – a vida real, precisa ser visualizada e sentida. O espectador precisa ser transportado para essa atmosfera – coisa que vídeos ainda fazem muito melhor do que fotos. E é por isso que o maior termômetro fashion continua sendo as ruas, e não as redes sociais! Se você não interage com a vida e os interesses das pessoas, você não gera engajamento real e que dure o suficiente.
Os vídeos mais curtos, nesse sentido, são os do talk show fake da Gucci. Cada episódio tem entre 2 e 3 minutos e são um sucesso absoluto! O episódio com o Harry Styles já contabiliza mais de um milhão e meio de views (veja aqui). Outros vídeos que têm feito muito sucesso são os da Dior, com o microbag challenge (desafio em que várias pessoas e celebridades mostram quanto mede e o que cabe na bolsa micro da grife (veja aqui). Também estão bombando vídeos de maisons com conteúdo didático sobre as coleções, os processos e os designers.
Mas os recordistas absolutos de visualizações ainda são os vídeos de desfiles e as apresentações digitais das coleções, como os da última Semana de Alta Costura de Paris, que com dez dias já contabilizam mais de 2 milhões de views cada! A faixa etária do público que assiste esse tipo de conteúdo? Grande parte tem entre 16 e 24 anos! – segundo dados apresentados pelo gerente de tendências globais da GlobalWebIndex, Chase Buckler, à Vogue Business.
O que esse investimento todo no YouTube, por parte das marcas, mostra: vídeos de Reels e Tik Tok podem ser mais baratos e divertidos, mas também são passageiros; vídeos longos e interessantes continuam à disposição, entretém e fazem melhor aquilo que no fundo a gente mais deseja: poder sonhar e desejar…e de graça!
Ana Paula Barcellos
Escritora, designer de joias artesanais, marketeira e pesquisadora de tendências. Trabalha com as marcas Pinacola e Ana Diana.
Foto:Desfile Chanel 2021/2022/Reprodução