Experiências de cabide: o dia em que um croqui do Roteiro Semanal me salvou com um vestido de mocinha

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Quem é pé vermelho com mais de 30 ou vive na cidade há um tempinho sabe o que é o Roteiro Semanal e provavelmente desenterrou alguma lembrança relacionada ao título dessa coluna assim que bateu o olho nele!

O Roteiro Semanal é um informativo de eventos e outros quetais daqui de Londrina. Editado há mais de 30 anos pela Roteiro Editora, fez uma pausa mas voltou a circular em 2018. Na década de 90, principalmente no início e metade, (do que me lembro, claro) “todo mundo” retirava o seu em padarias, farmácias, botecos e outros estabelecimentos comerciais para conferir qual era a boa para o fim de semana, a balada que estava bombando, os cursos bacanas de se fazer e as modelos da cidade que estavam debutando – além de conferir receitas, passatempos, piadas e os famosos croquis de vestidos de festas criados por estudantes da Modarte – escola de educação profissional em moda de Londrina.

É nessa parte da coluna que eu e os vestidos de “mocinha” entramos: era 1993, eu tinha apenas 9 anos e um casamento para ir com minha família no Buffet Planalto. Faltavam poucos dias para a ocasião, eu tinha vestidos lindos mas não tinha um vestido que realmente fosse de “mocinha”, como eu queria. Tinha acabado de ganhar meu primeiro par de sapatos de camurça com saltinho e queria muito uma roupa que estivesse à altura daquelas belezinhas…

Então lá se foi minha mãe, atrás de um tecido na Chafic que desse conta do meu gosto e desejo: um corte de seda estampado. Me lembro como se fosse ontem, o tecido era vermelho com branco (amo vestidos vermelhos), levinho e gostoso de tocar.

Dessa vez, a responsável por confeccionar o vestido foi uma tia do meu pai, a Conceição, que costurava muitíssimo bem e morava num prédio na rua Pernambuco. Mas e o modelo? Então, a gente não tinha um modelo.

Naquele ano, eu finalmente fui liberada para dar pitacos nas roupas feitas sob medida. Minha mãe era especialista em encontrar modelos lindos para copiar (ela também costurava muito bem), mas dessa vez até ela estava meio sem inspiração. Foi então que, folheando a edição da vez do Roteiro Semanal (que eu adorava e colecionava), encontrei o tal croqui. Achei tão lindo! Corri para mostrar para a mamá, toda empolgada. Me lembro dela ter pego a revistinha nas mãos e olhado com seu jeito analista, típico de uma virginiana:  – É muito bonito, mas você ainda é nova para usar um modelo desses. E se eu adaptá-lo?

Não queria mas concordei, era melhor que nada. Minha mãe pegou papel e lápis, começou a rabiscar e só me mostrou quando terminou: era aquilo, fiquei empolgadíssima!

O vestido ficou perfeito e me senti uma diva. Não digo princesa porque elas não eram meu referencial de beleza na época, não foram antes, nem depois. Eu teria curtido ser comparada com uma vilã de novela mexicana mesmo, fui infância SBT. Só lamento muitíssimo não ter uma foto dele para mostrar e também para guardar… o dia em que usei aquele vestido foi mágico!

Fotos: Croquis do Instagram da Modarte, capa do Blog do Roteiro Semanal e vestidos, reprodução da internet

Ana Paula Barcellos

Formada em História pela UEL, trabalhou 10 anos como escritora para blogs e sites sobre cultura e lazer. Atualmente, trabalha com marketing digital e pesquisa de tendências e, junto com Angela Diana, é proprietária da Rosita, marca de acessórios.

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