Por Ana Paula Barcellos
Animal print é uma trend que vai e vem. Em alguns momentos é super tendência; em outros é out, vira cafona mesmo. Se for zebra ou cobra, então! Mas a onça não, a onça não cai. Um clássico um tanto polêmico, mas clássico sim.
Tão clássico quanto o pretinho básico introduzido no nosso guarda-roupa por Chanel! E quem diz isso nem sou eu, são os antigos egípcios. O uso da padronagem, inclusive, surgiu atrelado a diversos simbolismos ligados a deusas e princesas egípcias.
Uma delas é Seshat, a deusa egípcia da escrita e da sabedoria, que muitas vezes é representada vestindo pele de outro felino, o leopardo. A mitologia chinesa é outra que estabelece essa relação: a deusa Xi Wangmu, também conhecida como Rainha Mãe do Ocidente, é apresentada com uma cauda de leopardo. E, mesmo em outras culturas, o uso desse tipo de pele esteve por muito tempo associado à realeza, ao poder a ao status social.
Pula para o século XX: com o frisson causado pelo figurino do filme Tarzan (sim, pasme! Teve a ver com Maureen O’Sullivan usando os trajes de Jane) na década de 1930, a busca por roupas com animal print disparou! Foi quando começaram a surgir blusas, casacos e os mais diversos acessórios com a estampa, que nesse caso estava associada à busca por aventura e liberdade.
Mas foi só em 1947, quando Christian Dior levou as pintas do bicho para as passarelas e fez história ao se recusar a usar peles, que elas realmente começaram a ficar populares. Outra estilista que deu destaque para os vestidos de onça nessa época foi Lavin, que confeccionava peças em crepe de seda e rayon.
Em 1950, a padronagem explodiu novamente, dessa vez com as pin ups, que vestiam trajes sexys e lingeries de oncinha. Aí o frisson foi ainda maior, porque as mulheres viam no uso das peças uma oportunidade para se libertarem, inclusive sexualmente, sentirem-se sexys e poderosas! -E foi quando muita gente começou associar a animal print com vulgaridade, com o sexy porém vulgar.
Depois disso, de tempos em tempos, alguém fazia a estampa voltar para o topo: Dianne Von Furstenberg com seu vestido envelope estampado, depois os ícones punk e a pegada de Vivienne Westwood. E então todo mundo, fazendo as peças de oncinha caírem de vez no gosto popular e serem facilmente encontradas por aí.
Em algumas épocas, a onça aparece muito em looks inteiros, em outras apenas em acessórios, para ser mais um toque, um detalhe que chama atenção. Seja como for, ela continua presente, sendo uma boa opção pra se ter no armário.
Eu, particularmente, não sou fã de oncinha – e não curto o termo assim, no diminutivo. Acho que não combina muito comigo – até porque a estampa de onça mais “tradicional” costuma vir em tons que fogem da minha paleta. Mas já tive algumas peças bem bacanas com a estampa colorida, diferente. Tive uma blusa mara de onça avermelhada, do tipo que todo mundo olhava. Usei até gastar!
E essa é uma boa dica: gosta de onça mas não sabe como usar ou acha que não cai bem? Pode ser questão de ir experimentando todas as padronagens que encontrar pelo caminho… uma hora você vai encontrar uma onça para chamar de sua!
Ana Paula Barcellos
Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate.