Por Ana Paula Barcellos
Faz algum tempo que pedem para compartilhar na coluna os meus garimpos de brechó, com fotos e tal. Nunca tinha conseguido por várias questões, entre elas, o pouco tempo para garimpar no meio da correria do dia a dia.
Um garimpo rápido, pontual, leva em média 30 minutos, mas esse não é o melhor para compartilhar. Um bom garimpo mesmo leva hora e meia, duas horas. Porque, além do tempo para olhar as peças com calma e pensar composições, tem sempre o bate papo com a dona ou as vendedoras, as trocas de experiências – e pra mim essa é uma das partes mais legais, coleciono as histórias como coleciono as roupas.
Pensando nisso, eu vinha ensaiando uma visita ao brechó da Maeve (o @mbazzarbrecho), que finalmente aconteceu no começo do mês. Pude conhecer o cantinho especial dela e olhar por mim mesma, com as mãos, algumas das peças incríveis que ela tem nas araras.
Ela me diz que aquilo que vejo é um bebê, uma versão mínima dos brechós que ela já teve antes de ir para a Espanha, onde ficou 12 anos. A Maeve abriu seu primeiro brechó em 1997, numa época em que quase não existia brechó por aqui e a cultura de brechó era completamente diferente. Fiquei pensando que com certeza estive em algum deles porque eu já garimpava com minha mãe nessa época.
Os únicos brechós no formato que a gente conhece e que existiam por aqui eram aqueles tradicionais da Rua Mato Grosso, o bazar do Colégio Mãe de Deus e um grande na Avenida Celso Garcia. Mas nesses brechós era mais comum encontrar roupa de inverno, casacos pesados adquiridos em lotes vindos da Europa e dos Estados Unidos. Inclusive, nessa época até fazia sentido essa coisa da roupa ser de gente morta e tal, hehe.
Ao voltar para o Brasil, Maeve resolveu reabrir o brechó seguindo a mesma filosofia de antes: ter um local onde você encontra o inusitado, onde você consegue combinações que não teria pensado; com peças básicas também, mas a maioria realmente única e especial. E na sexta-feira (21), o brechó completou seu primeiro aniversário!
Pois eu estava lá, conversando com ela sobre essas peças realmente únicas e ela me fala de um vestido que tem para me mostrar e coloca na minha frente um absolutamente maravilhoso da Xongani!
Quem me acompanha aqui há mais tempo sabe da minha paixão pelas peças da Xongani (já escrevi coluna sobre a marca, veja aqui). E esse é o tipo de peça realmente difícil de encontrar em um garimpo aqui na cidade, claro que tive que experimentar!
Além dessa, Maeve sugeriu peças que eu mesma não teria escolhido. Selecionei algumas para fotografar para a coluna e me surpreendi bastante: tem um conjunto de calça e blazer de lã mostarda anos 90 que ficou super legal, um vestido de veludo mais curto pelo qual me apaixonei e um trench coat de lã da Iódice (esses vou mostrar na coluna dos looks de outono/inverno).
E, com a Maeve, nunca é só sobre roupas. Tem também as peças de mobiliário e louças vintage que ela tem à venda e a sala/brechó super charmosa do seu apartamento (que fica no histórico Edifício Manela) onde cada canto conta uma historia, traz uma lembrança. Além do garimpo, ganhei um bom papo com água de coco e bolo e a gente ainda descobriu muitos amigos queridos e conhecidos em comum.
Pra mim, esse é o melhor garimpo. Rende uma sacolada de roupa linda, boa conversa, boas risadas e também boas surpresas: você nunca sabe quando vai ser atropelada por um vestido incrível!
Ana Paula Barcellos
Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram @yo.anap e @experienciasdecabide
Foto principal: Nádia Barcellos