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Com os preços subindo sem parar, como faz pra comprar roupas?

Por Ana Paula Barcellos

Já tem mais de 20 dias que vejo pipocar, aqui e ali, matérias e outros textos sobre como o preço das roupas aumentou, principalmente nas lojas de departamento de grandes redes que antes eram consideradas boas opções para quem queria peças legais sem gastar muito. Pois ontem eu dei uma passada no centro para comprar algumas coisas para minha filha, Olívia, e, olha, tá mais barato comprar em promoção de loja de shopping!

Me surpreendeu como os preços subiram nas lojas populares! Mais que nas de departamento. E, claro, com a alta dos preços de forma geral, fica muito mais difícil manter as ofertas quando você tem uma loja pequena… Sinceramente, não sei como – e se – os donos dessas lojas vão conseguir manter as portas abertas. Uma jaqueta de nylon, simples, em uma loja de rede sai por R$ 100, em uma loja popular, média, sai por R$ 170/R$ 200.

Acabei comprando nas lojas de departamentos mesmo. E constatei, mais uma vez, como os brechós são uma opção excelente. Já tinha comprado roupa para esperar o inverno e ainda consegui mais umas peças essa semana, para mim e para minha mãe. Entre casaco de lã, blusas, calças mais grossas e segunda pele eu desembolsei um total de R$ 250,00, pra nós duas!

Mas, claro, brechó precisa ser mais uma opção, não a única opção. Até porque nos brechós existe curadoria e não tem a mesma quantidade e opções variadas que você encontra em uma loja maior, por razões óbvias. E não dá pra comprar meia-calça de lã em brechó, né?

Foto: Pinterest

E, além de pagar caro nas roupas, a gente ainda precisa encarar a má qualidade das peças. A maioria das lojas ainda tá operando no esquema fast fashion, então esperam que você desembolse uma grana razoável em peças que não vão aguentar muito. E peças feias ainda por cima! Achei a maior parte do que vi ontem bem “nhé”. Mais do que nunca, senti vontade de voltar para as aulas de crochê e tricô e começar um curso de corte e costura.

Claro, eu espero sinceramente que, virando o ano, a gente se livre do ser abjeto que mergulhou o país nesse cenário de incertezas e insegurança econômica. E que a gente possa voltar a consumir mais e melhor. Até porque a gente não quer só comida, a gente também quer umas brusinhas legais pra desfilar por aí, que a gente se mata de trabalhar pra isso também, né?

Enquanto isso não acontece, o jeito é continuar ligada nos recebidos dos brechós que eu frequento e seguir comprando on-line. Não fosse a urgência eu teria comprado as roupas da Olívia todas pela internet – pelos meus cálculos teria economizado, em média, R$ 120.

Ana Paula Barcellos

Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate.

Fotos: Pinterest

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