Por Ana Paula Barcellos
Se de um lado temos as messy girls dos 2000 voltando, do outro temos it girls apostando firme em outra tendência de pegada bem forte – e que eu particularmente prefiro: cherry girl. Para além dos fetiches e das verdadeiras inspirações por trás desse estilo, digo que essa é uma das tendências mais legais pra apostar esse ano.
E olha que eu nem gosto de preto envernizado (última vez que usei uma peça assim foi em 1995, com 11 anos). Mas tudo bem porque essa trend vai além do verniz (embora seja uma marca forte): vermelho escuro (tom cereja principalmente, né?), muito preto, muito branco, peças curtas, retas e acinturadas, argolas e fivelas – muitas fivelas – tudo formando uma unidade bem contemporânea.
Cherry: união do clássico com o sexy, romântico e urbano
Muita gente tem focado apenas na cor, no vermelho cereja – que inclusive foi decretado o tom do outono na gringa, ainda em 2023 – mas essa é uma trend de estilo completa. Dá pra dizer que a cherry é união perfeita entre o clássico, o romântico, o sexy e o urbano. E tem muito do urbano! E é aí que eu acho que a força dessa tendência tem se perdido um pouco.
Muito se fala do cereja, do verniz, apega-se ao sapato clássico de fivela com a roupa curta bem sexy, mas o elemento urbano também é elemento importante desse style. Porque o cherry traz a pegada doce e clássica junto com a pegada sexy, mas a pegada sensual não é apenas sexy, é um tanto fatale mesmo. O toque da ponta do fetiche, discreto.
Me lembro de ver um catálogo com peças no estilo cherry girl pela primeira vez em um programa transmitido por um canal de TV a cabo em 1997. Fiquei fascinada! Depois, vi um seriado inteiro em que a personagem se amparava muito nesse estilo: calças retas e ajustadas com aplicações de zíperes e argolas e camisa reta branca, saia lápis envernizada ou de couro em contraste com top ou body de renda. Nos pés, sapatos sempre mais clássicos, baixos – mesmo as botas de verniz.
As unhas sempre, sempre, vermelhas. Sempre vermelho escuro: cereja, carmim, maçã do amor, e todos aqueles tons que a gente misturava com Rebu no fim dos anos 1990.
Ouso dizer que foi nesse momento que me curvei definitivamente ao carmim, ao uso de saia lápis com bota e que foi quando entendi a força de uma boa calça alfaiataria com cinto. Esse é um estilo que traz elegância, mas traz também muita força. Se você quer chegar lá, mas ainda não sabe como, vai de cherry girl.
Ana Paula Barcellos
Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram Me siga no Instagram @experienciasdecabide e yopaulab
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