Por Ângela Diana
Na coluna de hoje, vou falar sobre o lado B de fazer arte. Na verdade, o lado Z! Outro dia, assistindo a “Dama Dourada” (filme baseado numa história real sobre uma mulher que luta para recuperar um quadro de de sua tia que era o Retrato de Adele Bloch-Bauer I, um famoso quadro de Gustav Klimt) pela vigésima vez, me peguei naquela situação chata que a gente tem às vezes que é a FRUSTRAÇÃO! Tomei a consciência de que dei aulas por mais de 20 anos, e falei de muitoosss artistas (agora faço isso aqui na coluna), e até hoje, só consegui ver ao vivo pouquíssimas obras. Por que? Pela mesma coisa que todos nós seres humanos normais sofrem nesse país: FALTA DE DINHEIRO!
Alguém pode me perguntar: “Mas, em um país no qual as pessoas passam fome, você está choramingando porque não pode ver ‘quadrinhos’?” Estou! Sabe por que as pessoas passam fome aqui nesse país RICO, CHEIO DE MINÉRIOS PRECIOSOS, PRÉ-SAL, MATAS, REMÉDIOS NATURAIS, ÁGUA POTÁVEL, MARES, RIOS, LAGOS, MONTANHAS, FLORESTAS, enfim TUDO? (Lembrando que não falta mão de obra especializada) Por falta da CULTURA! Ou uma “cultura” tóxica que é tratar politico de Doutor, de passar a perna em todo mundo e do tal “jeitinho brasileiro”.
Se você não sabe o que é estar em um Louvre, não critique! Vá estudar! A tendência do brasileiro é o tal jeitinho, e “vamos trabalhar com carteira assinada para gente se aposentar e não fazer nada”! Fala para mim se isso é mentira?
Que “cultura” é essa que nunca dá para as pessoas que realmente querem evoluir, crescer, investir no país, sendo pequeno ou médio produtor e não tem NADA de incentivo! E nem me falem de MEI ,nenhum banco dá empréstimo para quem está começando!
E falando em “Tendência”, na verdade o titulo de hoje alude à uma brincadeira do meu marido comigo e com Ana Paula ( que escreve a coluna EM ALTA sobre moda, aqui no jornal)… Quando “herdamos” a Bijorhca (primeira loja de bijoux da cidade), ela já estava devassada e praticamente fechando. Como a loja era também do meu marido e tentando honrar o trabalho do meu sogro e sogra, tentamos de todas as formas manter a loja de pé! Mas, modernizando, indo em feiras super bacanas e que pesquisam exaustivamente para trazer para todas as lojas do Brasil, o que existe de tendências e materiais !E o que é melhor: as marcas são todas brasileiras! Tivemos muitas clientes maravilhosas que compraram as ideias (e as peças), mas, por outro lado, nos últimos três anos de loja, passamos por coisas que eu nunca imaginei estando atrás de um balcão.
Descobri que muitas londrinenses amam humilhar quem esta atrás de um balcão, sim! A ponto de uma cliente (que graças a Deus nunca mais voltou) jogar uma nota de R$50 reais no balcão e dizer: “Pronto! Esse dinheiro compra essas correntinhas” (eram três correntes banhadas em ouro 18 e que que custavam pelo menos o triplo). Outra, entrou na loja, andou por ela toda com cara de desdém e disse: “nossa, vocês não tem quase nada de peças (dito com arrogância)! Então, respondi com a educação que minha mãe me deu: “que pena que a senhora acha isso, pois só de anéis temos 200 modelos”. Ela só mudou o jeito quando me perguntou se eu era vendedora nova e eu disse que era a “nora”!
O que isso tudo tem a ver com a arte? TUDO! ISSO: EDUCAÇÃO, SENSIBILIDADE, HONESTIDADE tem a ver com CULTURA!
O que aconteceu com Londrina? Que nos anos de 1970 e 80 era exemplo de empreendedorismo, arte, cidade contemporânea, aonde as grandes tendências chegavam e as pessoas aderiam?( E o Ro nos chama de “meninas tendência” porque estávamos anos à frente, pois seguíamos os grandes desfiles, a “fonte” e íamos nas feiras, e desejávamos de todo coração mudar um pouco a tal “descultura” da modinha que essa cidade foi invadida nos últimos anos.
O que aconteceu com nossa cidade? Aonde o londrinense era considerado um “povo simpático” pelas pessoas de outras cidades! E você acha que a cultura, a arte e o comércio não tem nada à ver?
Já falei das peças de bijoux. obras de designers! E o que mais? As VITRINES DAS LOJAS! A vitrine é o chamariz, a atitude, o conceito, tudo isso num espaço de as vezes 1mx1m… Mas é o que “chama a freguesia”! Por que não contratam os artistas para fazerem as vitrines?
E pelamordedeus! Que a prefeitura cuide melhor da cidade e os cidadãos reivindiquem! E sejam mais educados!
Dizem que educação vem de “berço”, mas a cultura é ADQUIRIDA! VAMOS ACABAR COM ESSA CULTURA NEGATIVA QUE ACABA COM TODOS! TODOS PELA ARTE, ARTE PARA TODOS!
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto principal: Filme Dama Dourada/Divulgação
