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Mãe e filha criam negócio sustentável e ganham mercado com joias de alumínio reciclado

A Tantaarte surgiu em plena pandemia e agora está lançando nova coleção. Hoje está entre os cerca de 14 milhões de microempreendedores Individuais (MEIs) que representam quase 70% das empresas em atividade no Brasil.

Suzi Bonfim

O LONDRINENSE

A Tantaarte, um negócio que teve início de forma despretensiosa, se transformou em uma das referências da arte em alumínio reciclado na região norte do Estado e está lançando uma nova coleção de joias sustentáveis, em Londrina, prova a força que os microempreendedores, especialmente as mulheres, conquistaram no país impulsionados pela pandemia. Dados do governo Federal apontam que o Brasil tem cerca de 14 milhões de microempreendedores Individuais (MEIs) que representam quase 70% das empresas em atividade no país. No Paraná, desde 2020, 46% dos negócios constituídos na Junta Comercial são movidos pela força feminina: de 815.840, 374.495 têm mulheres como protagonistas. Hoje, são 508.416 CNPJs liderados por CPFs femininos no Paraná.

No final de 2019, a artista plástica Kátia Danielides e a relações públicas Marina Danielides, mãe e filha, respectivamente, idealizaram e criaram a microempresa três meses antes do início da pandemia, em março de 2020, quando moravam em Cuiabá, Mato Grosso. Hoje, quase quatro anos depois, já em Londrina, Paraná, Marina e Kátia demonstram que estão no caminho certo com o lançamento da coleção Esperanto – a língua internacional secular . O trabalho é o resultado da criatividade de uma e a concretização da ideia em cerâmica, feita pela outra. “Fazemos uma complementação de coração e alma. É uma coisa que vem de dentro, não tem como explicar. A arte flui. Tudo bem que tem o trabalho pesado, mas a gente não sente”, afirma Kátia.

SUSTENTÁVEL – O conceito ambientalmente correto do material utilizado nas peças é o diferencial, de acordo com Marina. “O alumínio reciclado tem um poder muito grande de sustentabilidade. A gente tem que pensar em cada passinho que dá voltando um olhar para o planeta. É uma pegada muito interessante e, isso tá despertando a criação de um nicho novo no mercado. As pessoas gostam de arte e o fato de ser uma peça sustentável está abrindo vários caminhos para este tipo de peça. É um novo mercado, é a tendência do futuro”, assegura a designer de joias.

Os anéis, brincos, colares, pulseiras e pingentes, em alumínio reciclado com desenhos exclusivos, começaram a ser produzidos em 2021 e estão conquistando, principalmente, as mulheres ( há peças masculinas também) pela forma, leveza e custo/benefício do material em relação à durabilidade e manutenção. “Como é um produto muito leve, de fácil manutenção, durabilidade incrível e ainda sustentável, as pessoas estão se apaixonando. Estamos vendendo muito pra outras cidades e na região. O produto está despertando um outro olhar para esta linha de reciclagem e de aproveitamento de materiais”, ressalta a microempresária. 

Por ser sustentável, em outubro do ano passado, a Tantaarte foi escolhida para fazer o troféu do prêmio  “United Nations Women USA Rise and Raise others Award” (ONU Mulheres Uma Sobe e Puxa Outras), da ONU Mulheres dos Estados Unidos, uma organização independente ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). (Leia sobre a premiação aqui). Veja o vídeo com os detalhes da produção da peça aqui.

REFLEXOS DA PANDEMIA Como milhões de brasileiros, Marina Danielides, ainda morando em Cuiabá, ao mesmo tempo que cuidava da mãe em tratamento de saúde, acabou enfrentando o tsunami que a Covid 19 provocou na economia brasileira: o desemprego. 

Antes do lockdown, Kátia estava na casa da filha se recuperando e, como é uma mulher muito ativa, ficar sem fazer nada não era a melhor opção. Foi aí, que Marina teve a ideia da produção artesanal como uma terapia ocupacional. As duas não imaginavam que seria o início da Tantaarte. Mas, este acabou sendo o roteiro natural quando Marina Danielides, que atuava a cerca de 20 anos com marketing imobiliário, se viu sem trabalho formal.  

“A mudança não foi fácil, mas posso te afirmar de coração, que eu me encontrei. Tô muito feliz e satisfeita com o que estou fazendo. Cada  peça que a gente cria é como um filho. É diferente do mundo corporativo. Você idealizar, sonhar, desenhar, ver uma peça pronta e que as pessoas gostam é muito bom. São joias-arte, pequenas esculturas transformadas em joias”, diz a designer, garantindo que nem os perrengues desanimam. “Tô muito realizada trabalhando desta forma artesanal, machucando os dedos, queimando, sem unha, toda suja mas, é muito bom, Tô feliz!”.

As primeiras peças foram sousplat de MDF com acabamento em crochê, esculturas e imagens de santo em  alumínio reciclado até chegar às joias sustentáveis. As duas desenvolveram um processo de criação muito próprio num contexto diferente na vida delas. “Às vezes a gente cria junto e ela executa, às vezes ao contrário. Trabalhar com a minha mãe é muito fácil, eu digo que preciso de uma peça como um anjo e quando vejo tá pronta”, explica a artesã que desde menina fazia bijuterias e acessórios pra usar.

Existem vários elementos reunidos no processo de criação. “Natureza, o dia a dia e, às vezes, a inspiração vem de outros artistas”, destaca a designer que já fez brincos em alumínio com a forma do Abaporu, uma pintura a óleo da artista brasileira Tarsila do Amaral, do período antropofágico do movimento modernista no Brasil.

A inspiração é antiga, lembra Kátia Danielides que aos 78 anos está trabalhando de novo com o alumínio reciclado usando uma técnica que ela já experimentou há quase 30 anos. “Sempre mexi com arte e há 28 anos, para ser exata, quando os meus netos começaram a nascer, eu trabalhava com peças em cerâmica e resolvi pegar este material feito de cerâmica e mandar fundir. Assim, fiz os anjinhos em alumínio como lembrança do nascimento dos netos. A mesma técnica que estamos fazendo agora. Sempre gostei de mexer com o barro e eternizar a peça em alumínio, porque não quebra, é pra vida inteira”, ressalta a artista plástica.

Para sobreviver no mercado, a divulgação pelas redes sociais e a participação em feiras realizadas em Londrina, Maringá e Curitiba, são fundamentais. “As redes sociais o trabalho fica bastante visível e fazemos contato com os clientes e as feiras criam a possibilidade de a pessoa tocar no material. A foto é linda e maravilhosa, tá no instagram, mas 99,9% da pessoas que a gente envia a peça pelos correios, me ligam alucinadas com a leveza e a beleza das peças. Nas feiras e exposições, a pessoa tem o contato com o peso real da joia, ‘o vestir’, é muito importante. Experimentar e ver que complementa a beleza dela, porque a gente quer deixar as mulheres mais empoderadas, mais belas”, concluí a designer de joias da Tantaarte.

Para conhecer o trabalho acesse o link https://www.instagram.com/tantaarte/

Saiba mais detalhes sobre a relação de mãe e filha no processo de criação das joias na entrevista concedida por Kátia e Marina Danielides, ao PODSuzi, em parceria com O Londrinense.

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1 comentário

  1. Gostei muito das peças…. E ainda acrescentado o fator sustentabilidade…..quero saber como comprar essas obras lindas!!!

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