O projeto de doação foi feito sem que houvesse outra solução para resolver o problema da falta de túmulos
Mirella Fontana
O LONDRINENSE
Não é novidade para ninguém que Londrina não tem mais espaço em seus cemitérios urbanos municipais para enterrar seus mortos. Este já é um problema antigo como mostramos em reportagens há anos (confira aqui e aqui). Para se ter uma ideia da situação, em setembro de 2021 só existiam 25 terrenos disponíveis divididos entre os cemitérios Padre Anchieta, São Pedro e João XXIII.
Para solucionar o problema antigo, em 2016, o ex-prefeito Alexandre Kireeff, desapropriou o lote 8A/2-II da Gleba Primavera, que custou aos cofres públicos R$ 2.039.000,00.
Acontece que, para a surpresa dos londrinenses, o atual prefeito Marcelo Belinati (PP) promoveu a desafetação do bem através do projeto de lei 11/2021, e pretende efetuar a doação do terreno destinado ao cemitério para uma empresa privada, que fabrica tubos e conexões, sem que haja outro projeto para resolver o problema da falta de lotes para novos túmulos.
De posse desse fato, o Movimento Popular Anti-Corrupção Por Amor a Londrina encaminhou uma manifestação a Câmara Municipal e uma Notícia de Fato ao Ministério Público do Paraná, que instaurou que se fosse averiguada uma eventual irregularidade referente ao projeto de doação do Lote nº 8-A/2-II, pelo Município de Londrina a Empresa Maria de Lourdes Cristiane – Tubo Fênix, anteriormente destinado à construção do cemitério. Também será averiguado se a empresa BRF S/A seria beneficiada com o ato, visto que está instalada ao lado do terreno destinado ao cemitério.
O mais estranho é que o projeto de lei diz que a empresa deverá atingir 60 empregos diretos, sem mencionar quantos são gerados atualmente, nem quantas vagas novas deveriam ser criadas para que se justificasse a doação de um terreno de tamanho valor e importância para o município.
O jornal O Londrinense entrou em contato com a empresa Fênix Tubos e Conexões que afirmou que a única pessoa que poderia fornecer essas informações está em férias.
O mínimo que se espera dos vereadores é que o projeto não seja aprovado e que os londrinenses tenham onde enterrar seus entes queridos.
Confira abaixo o despacho do Ministério Público: