Projeto Poesia Voando estreia nesta terça (22)

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Projeto que une música, poesia e cinema, do jornalista Antônio Mariano Júnior, lança primeiro curta “Chieko Ito Quer Morrer”, às 20 horas

O LONDRINENSE com assessoria

O bafo quente do verão e o som estridente das cigarras incomodavam profundamente aquela senhora japonesa. Continha ela dores internas por conta dos familiares mortos – o marido e a filha, principalmente. A trajetória de Chieko Ito foi descrita detalhadamente, no The New York Times, em 2017, quando ela tinha 91 anos de idade.

A Folha de S. Paulo traduziu e publicou o texto. A história tocou profundamente o professor universitário aposentado e escritor Ivan Frederico Lupiano Dias, ex-docente do Departamento de Física da Universidade Estadual de Londrina, que escreveu “Chieko Ito Quer Morrer”. É baseado neste texto que foi realizado o primeiro curta do “Poesia Voando”, que será exibido gratuitamente nesta terça-feira (22), às 20 horas, no Youtube, num feitio estético que funde poesia, música e cinema. Antes da exibição pública, a proposta será detalhada, brevemente, numa live com os participantes do projeto. “Chieko Ito Quer Morrer” tem direção do cineasta Carlos Fofaun.

“Honrado por lançar o projeto com um poema tão delicado e, ao mesmo tempo, contundente. Como intérprete, fui desafiado a captar as nuances dos poemas escolhidos, e também atuar, pela primeira vez, como ator”, afirma Antônio Mariano Júnior, jornalista, escritor e músico, proponente do “Poesia Voando”, com patrocínio do Promic.

Os textos foram selecionados através de edital bastante concorrido. A temática abordada nos trabalhos foi a solidão e o isolamento durante a pandemia da Covid-19, e seu reflexo nas relações e ambientes familiares, profissionais, amorosos e sociais.

Sobre os demais poemas

Os outros três poemas, e autores, serão disponibilizados nos dias seguintes, no mesmo canal e horário, às 20 horas. “Pandora”, de autoria do escritor, tradutor, ensaísta e compositor Rodrigo Garcia Lopes com direção do cineasta Yan Maran, será exibido nesta quarta-feira (23).

O poema integra o mais recente livro de poesias de Lopes, “O Enigma das Ondas” (Editora Iluminuras, 2020). Ao todo, o escritor londrinense fez 18 publicações em prosa e poesia, algumas premiadas. É considerado um dos mais importantes nomes da literatura brasileira.

Outro poema selecionado, “A Coroa de Todas as Mortes” é de autoria da poeta e professora de Língua Portuguesa da rede pública estadual Franciela Zamariam. Foi escrito no ano passado. O curta conta com a direção de Yan Maran, e será disponibilizado ao público na quinta –feira (24).

O título faz uma alusão sutil à pandemia, uma vez que, em espanhol, corona significa coroa. Franciela Zamariam tem alguns poemas em Haicai publicado em importantes antologias do gênero. Entre elas, “Caleidoscópio” (Editora Andross) e “Antologia de Haicais Brasileiros“ (Editora André Quicé).

O curta “O Tempo é Rei” encerra o projeto “Poesia Voando”, na sexta-feira (25). Foi escrito pela poeta, pesquisadora e graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina, Fernanda de Abreu. A direção é de Carlos Fofaun.

A criação de “O Tempo é Rei” acontece em momento pandêmico, quando há o anseio pelo movimento e a necessidade da pausa – quando a sabedoria do tempo se faz soberana. Nesse momento, vida e morte se equilibram em uma corda bamba. Fernanda escreve poemas desde 2020.

Um filme em curta-metragem

Idealizado e coordenado pela produtora Chris Vianna, o “Poesia Voando” recebeu mais de 40 inscrições. “A seleção das poesias foi a parte mais `complicada. Muita gente boa!”, observa. “Neste projeto, houve o entrelaçamento de vários caminhos. Ou seja, a participação de artistas pertencentes à escolas diferentes, que se uniram para dar voz, música e imagens às quatro poesias”, complementa Chris Vianna.

Beatriz Vianna Boselli e Yashiro Yamasu também participaram da produção do projeto, que em momento nenhum resvalou em clichês ou em facilidades audiovisuais. “Houve um processo de criação, pois pensamos o projeto como um filme, e não apenas em vídeos para a internet. Portanto, é um filme, um curta-metragem, que pode ser exibido nas telas de cinema e até mesmo participar de festivais”, informa o cineasta Carlos Fofaun.

Ele e o também cineasta Yan Maran “linkaram” os quatro poemas, através de um personagem (interpretado por Antônio Mariano Júnior). A ação se passa num só local. ”No entanto, cada poema possui sua própria estética, sua própria narrativa”, assegura Maran. Os quatro poemas originaram, juntos, um curta-metragem de aproximadamente 11 minutos.

Curiosidade

O o personagem presente em todas as cenas, poeticamente denominado no backstage como Samuel, sequer é citado. Trata-se de uma referência ao dramaturgo Samuel Beckett (1906-1989), que roteirizou seu único filme, em 1965, protagonizado por Buster Keaton (1895 – 1966).

“Film”, um curta-metragem, foi dirigido por Alan Schneider. ”O personagem faz parte da nossa criação artística, para desvencilhar o ator do personagem e, com isso, nos organizar”, diz Fofaun. Uma persona para dimensionar nosso trabalho e propor uma estratégia potente para cada poema”, pontua Yan Maran.

Sonoridade

As imagens foram editadas com o áudio das quatro poesias e suas respectivas trilhas sonoras, captadas e compostas pelo músico e compositor Eduardo Benvenhu.

A sonoridade contempla o estilo clássico e o jazz contemporâneo. “Meu processo de criação iniciou-se pela leitura das poesias para sentir o que elas poderiam me transmitir. Fiz minha interpretação, primeiramente”, informa Benvenhu.

O registro em áudio dos textos, ainda segundo o músico, também influenciou na feitura das canções. “A leitura e a entonação do Mariano influenciaram muito na criação das bases das músicas. A interpretação dele foi muito importante nas composições”, diz.

Foto: Divulgação

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