Mesmo com quase 300 mil vacinados em ciclo completo, UTIs estão com taxa de ocupação acima de 80% e novos casos aparecem às centenas todos os dias. Jovens de 20 a 30 anos representam 40% dos casos
Telma Elorza
O LONDRINENSE
O boletim epidemiológico da Prefeitura de Londrina, divulgado no início da noite desta quarta-feira (29) acendeu um alerta. Além de trazer nove mortes registradas pela covid-19 em Londrina, os números parecem estar novamente aumentando, apesar de Londrina estar com quase 300 mil pessoas com o esquema vacinal completo (com duas doses ou dose única) e mais de 100 mil com aplicações da primeira dose da vacina. Apenas de domingo (26) até quarta-feira, foram computadas 31 mortes. No total, já são 2.138 mortes por covid entre os londrinenses.
A taxa de ocupação de leitos de UTI SUS Covid é outro fator de preocupação. Em Londrina, a taxa para ocupação de leitos para adultos é de 82% e as de enfermaria SUS Covid, de 57%. No entanto, o Ministério da Saúde considera que o ideal é que a taxa não passe de 70%, para não sobrecarregar o sistema de saúde. Lotação de UTI significa casos graves ou gravíssimos de covid-19. A situação não é tão crítica como há alguns meses, quando as UTIS estavam com 110 a 120% de ocupação. Mas só no Hospital Universitário de Londrina (HU-UEL), hoje 12 pessoas aguardam leitos de UTI.
O boletim também apontou que foram registrados 211 novos casos, totalizando 82.883 casos confirmados no Município, cerca de 15% da população de Londrina. Até terça, 845 casos estavam ativos, com 678 pessoas em isolamento domiciliar e 167 internadas, sendo 68 em UTIs. Outros 94 aguardam resultados do exame. A faixa etária de 20-30 anos explodiu: são 34.077 casos (77 novos entre terça e quarta-feira), 41% dos casos confirmados na cidade.
A população parece pensar que a pandemia acabou e tem negligenciado as medidas de segurança, fazendo aglomerações e esquecendo da máscara facial porque acreditam que a vacinação é suficiente e bloqueia o vírus. Mas a vacina não impede totalmente a contaminação, principalmente das novas variantes do coronavírus. Ela apenas minimiza os efeitos da doença. No entanto, para quem tem comorbidades, o perigo ainda é real.
O LONDRINENSE está tentando falar com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, sobre esse aumento de casos, mas até o momento não obteve retorno. Se ele responder, atualizaremos a matéria.
Vacinação obrigatória – A administração pública está ciente do que está ocorrendo em Londrina. O prefeito Marcelo Belinati (PP) até assinou o decreto municipal 1.092 que passou a exigir a vacinação contra a Covid-19 como item obrigatório a todos os servidores, empregados e agentes públicos que possuem vínculo funcional com o Município. O documento está disponível para acesso, na íntegra, no Jornal Oficial do Município, edição 4.452. Com isso, qualquer pessoa que trabalha nos órgãos e entidades da Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional de Londrina deverá realizar o esquema vacinal completo, cumprindo integralmente o prazo de imunização e apontamentos do Plano de Vacinação contra a Covid-19 vigente. A aplicação do decreto vale também para estagiários e empregados terceirizados, naquilo que for cabível.
E vai até fazer monitoramento e busca ativa, passando a controlar e atualizar os dados informados pelos trabalhadores até que a vacinação municipal alcance todo este público. Levantamento interno preliminar apontou que cerca de 750 agentes públicos municipais não foram identificados como cadastrados no sistema de vacinação da Prefeitura. A recusa – com exceções daqueles comprovação por motivos de saúde ou por alguma contraindicação – vai ser considerada falta funcional e pode gerar processo administrativo disciplinar.
Foto: Arquivo/HU-UEL