Ninguém entendeu o objetivo, nem quanto será investido pelo Município para manter a empresa
Mirella Fontana
O LONDRINENSE
Desde que foi anunciada que a ASK, empresa de call center pertencente a Prefeitura de Londrina, está sendo reestruturada e se tornou Companhia de Tecnologia e Desenvolvimento (CTD), muitas dúvidas pairam no ar.
A mudança da empresa foi feita através da Lei n° 12.912/2019, de autoria do executivo municipal e aprovada em regime de urgência pela câmara de vereadores, e concede a empresa o poder de adquirir e alienar, por compra e venda, bem como realizar financiamentos e outras operações de crédito e celebrar convênios com entidades públicas ou particulares.
Em seu artigo 4º fica assegurada a justa remuneração a ser paga pelo município a favor da Companhia de Tecnologia e Desenvolvimento S.A. que será previamente estabelecido por planilhas de custos, para atender aos projetos de interesse do município.
Segundo matéria divulgada pelo Núcleo de Comunicação da Prefeitura, em seu novo perfil, a Companhia poderá trabalhar nos eixos de “Smart City (Cidade Inteligente)” – utilizando a tecnologia para melhorar a qualidade de vida das pessoas – e “GOV Inteligente”, apoiando a transformação digital da prefeitura e demais órgãos públicos. Além disso, a CTD também pretende atuar nos eixos de “Conexão”, visando promover a comunicação e relacionamento da administração pública com os usuários de seus serviços; “Sob Medida”, que atenderá a demandas personalizadas da administração pública, com foco em equipamentos de hardware e software para suporte às operações e à gestão de atividades da organização; e “Suporte Gerencial/ADM”, que contemplará a prestação de serviços para a administração pública especializada (Compliance, Tecnologia da Informação e Governanças).
Ou seja, além de ajudar a mapear as necessidades da população, a empresa também será um prato cheio para as próximas eleições, pois reunirá informações importantíssimas a respeito da cidade que pertencerão àqueles que estão no comando.
E a criação de uma empresa desse porte requer profissionais qualificados, computadores e servidores potentes que comportem sistemas baseados em Data Wearhouse (repositório central de informações que podem ser analisadas para tomar decisões mais adequadas), ou caso contrário, ela continuará a ser somente uma empresa de call center trabalhando para a atual administração, sem condições de concorrer com a iniciativa privada.
Pensando neste aspecto, formulamos algumas perguntas que foram encaminhadas à Prefeitura de Londrina, mas que ficaram sem respostas até o momento.
São elas:
Quantas pessoas ficariam desempregadas, já que a função de call center será extinta?
Qual o valor do investimento que o Município está fazendo nessa nova empresa?
Quantas pessoas serão contratadas? Que tipo de função vão desempenhar?
Os salários dos diretores serão equivalentes aos das outras companhias municipais? Que, aliás, são maiores que o do prefeito.
Essa empresa irá gerar algum tipo de lucro ao Município? As soluções poderão ser vendidas para outras cidades?
Por que criar uma empresa para fazer um levantamento de dados sobre o que o cidadão quer se foi contratado uma empresa (MacroPlan) justamente para realizar isso, no chamado MasterPlan?
Já não existem vários exemplos de smart cityes que podem ser aplicados em Londrina?