Entre os candidatos londrinenses a uma vaga na Câmara de Deputados, alguns receberam milhões para gastar na campanha. Outros, não.
Telma Elorza
O LONDRINENSE
As eleições estão bem próximas, menos de duas semanas para ocorrerem. E o que está bem claro, nas campanhas, é que alguns candidatos têm privilégios na hora de receber dinheiro dos partidos para tentar conquistar os votos necessários para serem eleitos ou reeleitos. Enquanto alguns recebem milhões para gastar, principalmente os que concorrem à reeleição, outros têm que driblar a falta de dinheiro para marcar seu nome. Para evidenciar isso, O LONDRINENSE pesquisou no Divulgacand, entre os 632 candidatos registrados a deputado federal, 11 londrinenses que estão disputando a preferência do eleitor. E os resultados deixaram muito claro quem tem “bala na agulha” junto ao próprio partido. Todos os valores pesquisados são apenas de verbas oriundas dos diretórios nacionais e estaduais dos partidos, que recebem dinheiro público através do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), o Fundo Eleitoral, destinado exclusivamente às Eleições Gerais de 2022. Este ano, o FEFC teve R$4,9 bilhões para serem distribuídos.
As regras de distribuição do dinheiro do FEFC pelos partidos dependem de vários fatores, inclusive internos. Mas, o que se sabe com certeza, é que os “puxadores de voto”, aqueles com maior potencial de fazer grande número de votos – o que beneficia o partido ou coligação por causa do quociente eleitoral (que, a grosso modo, é uma divisão entre o número de votos válidos pelo número de vagas) – recebem mais para gastar. Assim, um candidato que faça muitos votos pode levar outro bem menos votado para o Congresso.
O que chama atenção é que as verbas destinadas às campanhas, este ano, são bem superiores as que os candidatos à prefeito receberam, nas últimas eleições. O prefeito Marcelo Belinati (PP), por exemplo, recebeu uma verba de R$500 mil do partido para sua reeleição, em 2020. O maior valor repassado pelos diretórios nacional e estadual, naquela eleição, foi de R$850 mil ao candidato Tiago Amaral, que era do PSB e agora está no PSD.
Entre os candidatos “milionários” – que receberam verbas superiores a R$1 milhão – , estão quatro londrinenses. A campeã geral em verbas recebidas é a deputada federal Luísa Canziani (PSD), que tenta a reeleição, com singelos R$2,68 milhões destinados pelo partido. Além dela, o deputado federal Filipe Barros (PL) recebeu outros míseros R$2 milhões para gastar à rodo. Em seguida, vem a candidata Mara Boca Aberta (PROS) que recebeu R$1,2 milhão para “torrar” na campanha. Logo depois, está a candidata Fernanda Viotto (PSDB) que pode usar R$1 milhão do partido na sua disputa por uma vaga na Câmara Federal.
Embora não estejam no nível desses quatro candidatos, outros também receberam polpudas verbas para gastar na Campanha. O veterano Luiz Carlos Hauly (PODE) tenta voltar ao cargo de deputado federal com módicos R$600 mil. Entre os atuais vereadores que querem ir para Câmara Federal, a candidata Jessicão (PP) foi a segunda colocada em verbas, com R$550 mil, seguida de perto pela petista Lenir de Assis, que recebeu R$518.500,00. Em seguida aparece a professora Sônia Gimenez (PSB) com R$300 mil; e Eduardo Tominaga (PSD), com R$200 mil.
Companheiro de partido de Mara Boca Aberta, o também vereador Deivid Wisley, recebeu apenas R$150 mil do PROS, cerca de 12% do valor recebido pela colega. O já o vereador Giovani Mattos (PSC) recebeu apenas R$ 40 mil do fundo eleitoral, um valor insignificante comparado aos demais. Assim como o 11º. pesquisado pelo O LONDRINENSE, o candidato Zezinho Fisioterapeuta (PDT), que recebeu apenas R$50 mil do partido para fazer sua campanha.
Num país em que cerca de 33 milhões de pessoas passam fome, O LONDRINENSE acha um absurdo tais valores serem gastos em campanhas eleitorais para beneficiar alguns. Políticos que merecem seu voto deveriam ter mais consciência e acabarem com o fundo eleitoral. Ou, pelo menos, dividirem igualitariamente a todos os candidatos, para que todos concorram em pé de igualdade, ganhando votos pelas propostas apresentadas e não pela quantidade de santinhos e adesivos distribuídos.