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Eu tenho uma fantasia que me deixa com vergonha e muito mal

Por Telma Elorza

“Vou contar algo que nunca contei pra ninguém. Morro de vergonha e queria saber se é normal. Eu tenho uma fantasia de ser estuprada. Não estupro realmente, praticado por um desconhecido, mas por meu parceiro, que me pegue de surpresa, sem eu estar esperando algo do tipo. Sei que estupro é crime e não desejo isso para ninguém. Mulher nenhuma merece passar por isso. Mas pensar em meu parceiro me forçando, me dominando e eu resistindo, me excita muito. Às vezes me masturbo pensando nisso. Não tive coragem de pedir para nenhum dos meus namorados por medo de ser julgada e fico mal. Devo procurar por ajuda profissional?”

Para o leitor, o depoimento dessa moça pode parecer inacreditável. E antes que comecem os julgamentos, porque estupro é, sim, uma violência sem igual, é preciso atentar para um detalhe: ela não quer realmente ser estuprada. Ela quer um parceiro que a domine, que use até uma certa brutalidade. Há uma grande diferença entre essas duas coisas.

O fetiche de ser dominada com características de estupro é mais comum que se imagina. Muitas mulheres imaginam passar por um sexo violento, sem carícias preliminares, enquanto resistem. Mas isso não pode NUNCA ser justificativa para o estupro real.

A fantasia pode ter várias origens, mas as duas mais comuns são forma de criação moral/religiosa rígida e uma vontade inconsciente de sentir irresistível ao sexo masculino. No primeiro caso, a mulher foi criada com a ideia antiquada de que sexo é sujo, violento e que “mulher direita” não deve sequer pensar em fazê-lo, a não ser com o próprio marido e olhe lá, só para fins de procriação. Para essas, o “falso estupro” tiraria a culpa por sentir prazer nas relações sexuais. Afinal, o sexo não dependeria dela, ela teria sido “tomada à força”. No outro extremo, pode estar a mulher que inconscientemente busca confirmação de seus poderes de sedução. O homem não teria conseguido se controlar perante sua beleza e fascínio. Isso seria a comprovação de que é “irresistivelmente desejável”, o que leva os homens à loucura.

Para entender melhor a raiz da fantasia, seria bom mesmo procurar um especialista. Pode ter coisas mais subconscientes que precisariam ser trabalhados com psicólogos, principalmente se isso trouxer dor e sofrimento. A vergonha que a leitora tem até de falar da fantasia para um parceiro me parece motivo suficiente para buscar ajuda. Assim, se entendendo melhor, pode ser mais feliz.

Em outro aspecto, sugiro que a leitora, enquanto lida com essas questões psicológicas, experimente a prática de BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação e Submissão e Sadomasoquismo). A dominação consensual pode satisfazer seu desejo e ser melhor aceita pelo parceiro. Sugiro experimentar bondage, que já tratamos aqui, nesta coluna, O bondage, com suas várias técnicas de imobilização, lhe daria a submissão necessária para satisfazer a fantasia. Mas sempre estabeleça uma senha de segurança: uma palavra que indique que é hora de parar. Com prática, o companheirismo e a confiança que desenvolvem podem levar ao ponto de se abrir com o outro e, finalmente, realizar a fantasia que a perturba.

Foto: Pixabay

Mande suas perguntas para telma@olondrinense.com.br

Quem é Telma Elorza, a Tia Telma?

Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.

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3 Comentários

  1. “DEIXE UM COMENTÁRIO”, aí deixamos e, é apagado! Some da publicação. Ué!

    1. Author

      Dependendo do comentário ele é realmente apagado. Não aceitamos comentários chulos, propagandas e que deixem telefone ou email de contato.

    2. Author

      No seu caso, não foi publicado porque ele é muito grande.

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